“Discurso do conjunto da obra serve a uma farsa histórica”, diz Gleisi

“Discurso do conjunto da obra serve a uma farsa histórica”, diz Gleisi

Gleisi: o sistema político e patriarcal intolerante vai arrancar do poder a primeira mulher eleita para presidir o nosso PaísA senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ao apresentar uma questão de ordem no início da sessão do Senado, nesta quarta-feira (11), sobre o processo viciado do processo de impeachment sem crime contra a presidenta Dilma Rousseff, afirmou que o discurso do ‘conjunto da obra’ que se ouviu nos últimos meses serve a uma farsa histórica. Segundo ela, essa farsa está contida num julgamento seletivo. “Foram criados exclusivamente para cancelar o resultado da última eleição; enfraquecer o voto popular e atingir Lula e Dilma. Efetivamente, querem cancelar o futuro daqueles que representam o País”, disse ela.

Gleisi lembrou que o golpe nesse estilo que se quer aplicar contra Dilma foi usado para tirar Getúlio Vargas e João Goulart do poder. Agora, pretende-se extirpar a continuidade de um mandato inclusivo. É a elite brasileira tentando chegar ao poder sem voto. Nenhum outro presidente, segundo a senadora, será medido pela mesma régua com que a presidenta Dilma está sendo medida.

“Falta à elite deste País um projeto de nação. Por não ter generosidade para elaborar um projeto que contemple e conquiste votos na urna, escolheram o atalho para chegar ao poder por via indireta. O sistema político e patriarcal intolerante vai arrancar do poder a primeira mulher eleita para presidir o nosso País”, afirmou.

O que causa indignação, também, é a injustiça contida no julgamento que o plenário do Senado patrocina hoje, injusto por causa dos vícios e nulidades do processo. O exemplo disso – e a prova – é que nunca a presidenta Dilma desrespeitou a gestão orçamentária e qualquer lei brasileira. A edição dos decretos de suplementação orçamentária e o atraso no pagamento de subvenção aos juros do Plano Safra ao Banco do Brasil, as chamadas pedaladas, nunca foram julgados da forma que querem julgar Dilma. Afinal, presidentes anteriores e governadores usaram o mesmo expediente.

É aqui que se vê como a régua que mede um não é a mesma que mede o outro. Além disso, outro vício não é nem o ato de vingança do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Os seis decretos e o Plano Safra sequer foram julgados pela Corte de contas, que é o Tribunal de Contas da União. Assim, é ou não uma farsa, um processo que causa indignação?

O próprio relator da denúncia contra Dilma não aponta o crime de responsabilidade. Foi por essas situações que a senadora Gleisi pediu questão de ordem, porque o Supremo Tribunal Federal (STF), a qualquer momento no decorrer do dia, pode receber novos mandados de segurança.

 

Marcello Antunes

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