Desmonte do SUS

Distribuição de vacinas é prejudicada por privatização

Ministro da Saúde na época, Ricardo Barros fechou Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos e entregou o controle e a distribuição de insumos do MS a uma empresa do grupo Voetur
Distribuição de vacinas é prejudicada por privatização

Foto: Reprodução

Em plena pandemia do coronavírus, a armazenagem, o controle e a distribuição de todas as vacinas, soros, medicamentos, praguicidas, kits para diagnóstico laboratorial e outros insumos do Ministério da Saúde, incluindo os da Covid-19, estão entregues a uma empresa do ramo privado. A decisão foi tomada três anos atrás, ainda sob o usurpador Michel Temer, pelo então ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo na Câmara.

Barros fechou a Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi), diretamente subordinada ao governo e responsável por essa logística há mais de duas décadas, para contratar a VTCLog, do grupo Voetur. Desde 2019, a companhia controla o estoque e agora também monitora a entrada de imunobiológicos adquiridos pelo país no exterior, como as vacinas contra a Covid-19 e os insumos necessários para sua fabricação.

Reportagem do jornal ‘Folha de São Paulo” publicada neste domingo (31) afirma que os funcionários encarregados de receber as remessas nos estados têm reclamado de problemas na logística. Entre eles, itens errados, atrasos nas entregas e desorganização na comunicação.

A empresa não respondeu ao jornal, que lembrou as sucessivas alterações dos horários dos voos com os primeiros lotes da Coronavac, há dez dias, quando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, adiantou às pressas o cronograma da vacinação.

“Depois que trocou, o que sentimos na ponta é que eles são novos e inexperientes, como se estivessem perdidos. E não é uma coisa pontual daqui, é todo mundo reclamando”, disse uma servidora identificada como “Carla“ pela ‘Folha’. Segundo a fonte, as críticas ao serviço são constantes em um grupo de Whatsapp de representantes dos estados e do Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Em abril vai juntar as campanhas de influenza e Covid, com certeza vai dar problema”, comentou.

João Leonel Estery, coordenador da central de 1996 a 2016, contou que 200 colaboradores terceirizados foram demitidos após a medida de Barros. “Para nós foi um balde de gelo seco. Tínhamos a estratégia toda pronta, tecnologia de ponta e criamos um transporte com perda de vacinas quase zero. Botaram para fora técnicos altamente qualificados, todos com o curso de especialização em rede de frios que criamos com a Fiocruz”, afirma

“Fomos totalmente contra a decisão. Acredito que a logística de imunobiológicos teve uma perda substancial, a estrutura da Cenadi funcionava muito bem”, declarou Ricardo Gadelha, que foi gerente da gestão de insumos do PNI até 2018.

A reportagem informa que valor do contrato com a VTCLog é de R$ 97 milhões anuais e vai de 2019 até 2023. O Ministério da Saúde não respondeu quanto era gasto com a Cenadi. A antiga direção da central informou à ‘Folha’ que os custos anuais da central somaram R$ 120 milhões em 2018.

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