O presidente Michel Temer excluiu da reforma da Previdência os servidores dos estados e os funcionários públicos municipais. Não que ele não tenha razão. Pelo contrário, oxalá ele exclua todas as categorias de trabalhadores do campo e da cidade, e acabe de vez com essa proposta de reforma que só vai trazer prejuízos grandiosos ao povo brasileiro.
É obvio que o objetivo dessa tática é enfraquecer o poder de mobilização da sociedade e dos movimentos sociais. Porém, fica mais obvio ainda que o presidente Temer não tem certeza dos votos da sua base governista, além de se mostrar totalmente contraditório a essa proposição. Aliás, apenas para lembrar, ele já havia deixado de fora as Forças Armadas, bombeiros e policiais militares.
Pois bem, observem só a lambança que está para acontecer: suponhamos que a reforma como está sendo proposta pelo governo seja aprovada. A questão surgente da hora é como ficarão os professores e os policiais, apenas para dar esses dois exemplos. Teremos professores e policiais vinculados aos estados e municípios que manteriam a aposentadoria especial aos 25 anos de contribuição; e, do outro lado, professores e policiais do âmbito federal tendo que alcançar a idade mínima de 65 anos e 49 de contribuição para se aposentar. Isso não tem explicação… Uma anarquia com sistemas diferentes e injustos.
É certo que a voz das ruas do nosso país está consciente e combatendo com as armas da boa luta as reformas previdenciária e trabalhista. Não há possibilidade alguma de recuo. Pela primeira vez, depois de muitos anos, o Palácio do Planalto conseguiu unir a grande maioria dos brasileiros.
Ademais, foi graças a mobilização de toda a sociedade e das redes sociais que alcançamos 62 assinaturas de senadores, de 81 possíveis, para a criação da CPI da Previdência. Em breve ela será instalada e o país saberá o que há dentro dessa verdadeira caixa de pandora.
Ao longo dos séculos, vários governantes, para alcançarem seus objetivos políticos e militares, utilizaram a tática do dividir para conquistar. Ou seja, separar e fragmentar as forças adversárias para enfraquecê-las. Entres eles, podemos citar César, Filipe da Macedônia e Napoleão. Mas por si só esse método não é sinônimo de sucesso ou vitória.
Divide et impera? Nem sempre! Aqui é Brasil.
Artigo publicado originalmente no Jornal do Brasil, no dia 24 de março de 2017