Ele rebateu especialmente o rebaixamento da nota de risco da Petrobras pela agência Moody´s, que passou a receber a classificação de grau “especulativo” – quando deixam de ser consideradas ações seguras para investidores. Donizeti lembrou que duas grandes agências de classificação de risco, a Fitch Ratings e a Satandart & Poor’s, mantêm grau de investimento na empresa.
“Como disse a Presidenta Dilma, é lamentável que o desconhecimento sobre a Petrobras, sua história e sua gente leve algumas vezes a decisões equivocadas sobre ela. Estamos todos certos de que a Petrobras sairá dessa situação sem maiores consequências e até mesmo mais fortalecida, apesar das ameaças internas e externas”, disse o senador.
Apesar da enxurrada de críticas por parte da imprensa e da oposição contra a estatal, Donizeti lembrou que a queda de 60% no preço do barril de petróleo desde junho de 2014 está entre os principais motivos na queda do lucro da empresa. “Nesse início de ano o barril chegou a ser negociado a US$50,00, experimentando os valores mais baixos nos últimos seis anos”, explicou.
A queda do valor do barril tem afetado não apenas a Petrobras, mas todo o setor. Empresas de países como a Colômbia, México, Holanda, Inglaterra, Rússia e até mesmo Estados Unidos têm sentindo os efeitos da crise, com quedas consideráveis no lucro dessas empresas. É o caso da americana Chevron, com perdas de US$1,4 bilhão no lucro líquido observado até o quarto trimestre do ano passado, e da britânica BP, que recentemente anunciou um prejuízo de US$4,41 bilhões e cortes em investimentos que podem chegar a US$6 bilhões.
O petista lembrou que a situação do setor tem levado as empresas a reduzi os investimentos na extração de petróleo, o que pode trazer consequências futuras graves. “Os chefes das duas maiores empresas de petróleo do mundo, a francesa Total e a italiana ENI, alertaram para o risco de desequilíbrio no mercado futuro de petróleo. Segundo eles, a redução nos investimentos na produção futura poderia levar a uma escassez de oferta e a um dramático aumento dos preços do petróleo no futuro”, explicou.
Os impactos também têm afetado à geração de empregos no setor. No Canadá, uma em cada cinco empresas de óleo e gás terá que cortar empregos em 2015. Somente a Cenovus, grande empresa de petróleo do país, cortou cerca de US$700 milhões em gastos, forçados pelo declínio do preço do petróleo.
“O momento pelo qual passa a Petrobras é grave. Está lincado não apenas a ameaças internas, mas, sobretudo, a uma grave crise mundial no mercado de petróleo que tem derrubado empresas semelhantes mundo a fora, para além do que querem fazer parecer os meios de comunicação e a oposição desqualificada e anti-patriótica”, colocou Donizeti.
Entenda o caso
A queda no preço internacional do petróleo tem ocorrido especialmente por dois fatores. Um deles é a queda na demanda pelo produto em razão da redução da velocidade do crescimento econômico em países como a China e a Alemanha. Já o outro é o excesso de oferta no mercado em função de uma disputa tecnológica entre os Estados Unidos e os produtores de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
A “guerra” deve-se a uma nova tecnologia criada pelos norte-americanos
para extrair petróleo e gás de xisto, um tipo de rocha comum no continente norte-americano. A produção desse tipo de petróleo, apesar de ter um custo elevado, é viável no mercado dos Estados Unidos. Isso tornou o país praticamente autossuficiente no combustível e reduziu a demanda americana pelo produto no mercado internacional.
Em resposta, a Opep decidiu, no final de 2014, manter elevados níveis de produção. Segundo Donizeti, “o raciocínio da Opep” é manter o preço internacional do petróleo convencional abaixo do custo de produção do petróleo de xisto produzido nos Estados Unidos, inviabilizando a nova tecnologia.
Apesar da queda do preço do produto no mercado internacional afetar ao setor petroleiro, há benefícios diretos para a economia, como a redução da inflação. No Brasil, no entanto, os efeitos positivos só serão sentidos futuramente, segundo Donizeti.
“Embora pareça contraditório o Brasil ter subido os preços dos combustíveis nos últimos dias, isso foi para repor um acúmulo, uma defasagem que vinha acumulada no nosso País durante um período longo. Mas, certamente, num período muito curto, mantida a situação do petróleo no mundo, nós teremos também no Brasil uma baixa nos combustíveis”, explicou o petista.