A ladainha muda de boca mas o discurso continua o mesmo há pelo menos dez anos: o Brasil não soube aproveitar a bonança global e os sérios gargalos e ineficiências persistem. Para quem vive no mundo real, de abrir as portas de uma mercearia no interior do País ou verificar a manutenção de uma caldeira que funciona diuturnamente, a realidade econômica brasileira difere em muito de outros países em plena crise, mesmo que alguns tentem dizer que a economia não vai bem, que os investimentos são tímidos e que há otimismo exagerado da equipe do governo. Para tentar convencer os leigos, chega-se a dizer – e até pedir – a cabeça no ministro da Fazenda, Guido Mantega, colocando a ladainha de volta às rodas ditas intelectuais para embasar a oposição que aposta alto numa piora da economia como forma de voltar ao poder. Acontece que na vida real a coisa não é bem assim.
É verdade que ainda falta muito a fazer em diversos campos, mas muito se fez nos governos de Lula e muito se faz no governo de Dilma. Tudo começou pela mudança de modelo ainda não digerido por aqueles que entendem que o melhor desenvolvimento é o pessoal e que o melhor retorno vem da rentabilidade das aplicações financeiras. Ao propor um modelo que combina crescimento econômico com a inclusão social, o Brasil resgatou da pobreza absoluta e incluiu na sociedade de consumo 40 milhões de pessoas que agora consomem mais alimentos, mais vestuário, educação e cultura, móveis, eletrodomésticos, veículos, combustíveis, energia elétrica e serviços de toda a sorte, do bancário ao de turismo.
Os gargalos existentes hoje não foram criados pelos governos de Lula e ampliados no de Dilma. É uma herança que veio de outros governos que se fiaram num modelo econômico baseado que o bom é aquilo que o mercado quer. Por essa receita, o Brasil quebrou duas vezes, porque o mercado só ouvia as vozes dos rentistas, e quanto mais alta era a taxa de juro, mais cômoda era sua vida. Se o custo Brasil é elevado, ao invés de produzir, o melhor era receber os juros da aplicação financeira no final do mês. Mas esse modelo fez ruir as nações mais ricas do planeta. Ao resgatar o papel do Estado na condução das diretrizes para a economia, os governos petistas mais acertaram do que erraram na sua política de desenvolvimento.
Em infraestrutura, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 1 e 2 promove uma verdadeira concertação em segmentos estratégicos, seja para melhorar as exportações, com a ampliar a atividade dos portos e aeroportos, seja no programa Minha Casa Minha Vida para reduzir o elevado déficit habitacional. Em energia elétrica, fundamental para os investimentos produtivos, o Brasil realizou investimentos de tal envergadura que resultou no acréscimo de alguns milhões de megawatts à matriz energética brasileira com a construção de novas usinas hidrelétricas, eólicas e outras fontes renováveis.
Na agricultura familiar, o crédito escasso de tempos passados, que correspondiam a alguns milhões de reais, hoje a cifra está na casa dos bilhões, o que mudou favoravelmente a vida de pequenos agricultores. Os grandes, por sua vez, continuam presentes e o agronegócio ganha cada vez mais espaço na participação do Produto Interno Bruto (PIB).
Se os críticos insistem em dizer que a economia vai mal, como explicar que a indústria, por mais que neste ano não tenha crescido satisfatoriamente, tenha mantido o número de empregados em suas fábricas, ao mesmo tempo em que a massa salarial dos trabalhadores cresce há ininterruptos 36 meses e o nível de desemprego está num patamar mais baixo da história, em 5,3% – e nota-se, a cada dia, que cresce a escolaridade e a idade de quem ingressa no mercado de trabalho.
Sim, o Brasil está mudando. As medidas adotadas pela equipe econômica para reativar a economia dão os resultados esperados. Mais de 40 setores da economia aderiram à desoneração da folha de pagamentos; a formalização pelo Simples Nacional é uma vitória para quem pretende seguir pelo caminho do empreendedorismo e entre os pacotes de ações o Estado brasileiro agora lançará um plano de investimento em inovação tecnológica que destinará R$ 20 bilhões.
É uma ação coordenada com a outra, e só não vê quem não quer ou continua enfurnado na redoma do escritório. Nós últimos anos, nada menos do que 420 escolas técnicas foram criadas, mais de uma dezena de universidades e novos campos foram instalados, tudo para formar os brasileiros do futuro. Estamos formando mais doutores e por mais que as universidades coloquem a cada ano cerca de 60 mil novos engenheiros, o Brasil ainda poderá receber especialistas daqueles países que hoje estão em crise.
Não há uma área que deixou de avançar nesses anos. Na área financeira, os empréstimos ao setor privado nas operações com recursos livres, que podem seguir para qualquer área, somaram R$ 2,16 trilhões em outubro, 1,4% acima do que em setembro e 15,4% a mais na comparação em doze meses. Os investimentos estrangeiros diretos atingiram US$ 7,7 bilhões em outubro e somam no ano R$ 66 bilhões, o equivalente a 2,9% do PIB. Como não está havendo investimento direto no Brasil? Se esse valor poderá superar os US$ 70 bilhões e confirmar que o País lidera o recebimento de investimento direto na América Latina?
Mas a ladainha retorna quando próceres especialistas dizem que os investidores estão se desinteressando pelo País. Isso está nos jornais de hoje, assim como está o pedido de aniversário da presidenta Dilma Rousseff para que os empresários invistam mais. E eles certamente já demonstraram que darão esse presente a Dilma e ao Brasil, pois logo após o governo lançar o pacote de modernização de portos, os investimentos anunciados chegam a R$ 21 bilhões. Isso é muito ou pouco para quem repete a ladainha de que o Brasil não soube aproveitar a bonança. A verdade é que ela não acabou e o País é a bola da vez.
E por falar nisso, sumiram das páginas dos jornais as declarações negativas de que os estádios para a Copa do Mundo não ficariam prontos. Quem quiser pode acompanhar em tempo real como andam as obras do Maracanã no site www.maracanaonline.com.br e verificar que tudo estará pronto para a Copa das Confederações, para citar um exemplo. Portanto, só não vê a melhora diária do Brasil quem está abraçado com o passado. Ninguém mais do que a presidenta Dilma Rousseff sabe que 2013 será bem melhor, em todos os aspectos.
Marcello Antunes