8 de janeiro

“É preciso excluir laranjas podres das Forças”, diz Rogério na CPMI do Golpe

Parlamentar ficou indignado com mentiras contadas por Jean Lawand Júnior, que negou ter trocado mensagens golpistas com braço direito de Bolsonaro

senador Rogério Carvalho

“É preciso excluir laranjas podres das Forças”, diz Rogério na CPMI do Golpe

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), militares como Lawand são “o lixo das Forças Armadas brasileiras”. Foto: Alessandro Dantas

Foi por água a baixo a tentativa do coronel Jean Lawand Júnior, que trocou mensagens pedindo golpe de Estado, de enganar os parlamentares da CPMI do Golpe. Em depoimento contraditório ao colegiado, nesta terça-feira (27/6), até mesmo um apoiador de Jair Bolsonaro criticou a tentativa de criar uma narrativa falsa.

O militar teve conversas de teor claramente golpista com o braço-direito de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, em dezembro do ano passado.

Em depoimento à CPMI, Lawand mudou a narrativa e alegou não ter usado o termo “dar a ordem” com o intuito de pedir um golpe. Segundo ele, era um pedido para que Bolsonaro se pronunciasse em tom destinado a apaziguar e desmobilizar os acampamentos e atos antidemocráticos pelo país. A justificativa é de que o ex-presidente não tomou a ação solicitada, tendo se omitido.

A mentira era tão evidente que parlamentares de diversos partidos passaram a acusar Jean de mentir no colegiado. Ele, então, passou a silenciar e se recusar a responder perguntas após ser desmascarado – assim foi, por exemplo, com os questionamentos feitos pelo deputado Duarte (PSB-MA) e pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), militares como Lawand são “o lixo das Forças Armadas brasileiras”. “Vocês urdiram um golpe. E quando o ex-presidente não deu a ordem vocês orquestraram o 8 de janeiro para criar o caos”, disse.

“É preciso que a Justiça faça uma limpeza, exclua todas as laranjas podres que tentaram um golpe contra o Brasil, a democracia. Porque morreria gente inocente pelas mãos de vocês, que deveriam defender o povo brasileiro e não ir contra ele. Por isso vossa excelência merece estar na berlinda”, complementou.

O deputado Rogério Correa (PT-MG) afirmou que Lawand tentou simplesmente jogar a culpa em Bolsonaro e se eximir dos seus próprios pedidos de golpe a Cid. “O senhor é um mentiroso, coronel! O senhor não está tergiversando, não! O senhor está mentindo!”, exclamou.

Até bolsonaristas

Diante da narrativa claramente falsa de Jean Lawand Júnior – e por tentar jogar a bomba no colo de Bolsonaro -, apoiadores do ex-presidente abandonaram o militar à própria sorte.

“Não sei quem lhe orientou, mas, de verdade, o senhor não convence ninguém. O senhor atrofia sua história, apequena sua carreira e tenta impor uma narrativa que não para de pé ao menor esforço. Não sei se vossa senhoria se convence da versão que está apresentando aqui”, disse o senador Marcos Rogério (PL-RO) durante o depoimento.

Até mesmo o ex-juiz e senador Sérgio Moro (Republicanos-PR) duvidou das declarações do coronel: “Eu também não estou convencido das suas explicações, com todo o respeito, sobre as mensagens”.

Outro apoiador de Bolsonaro, o senador Cleitinho (Republicanos-MG) também criticou o militar: “Não vou passar pano para o senhor. O senhor foi totalmente errado”. Depois, questionou se Lawand concordava com o resultado das eleições. Com a resposta positiva do militar, o bolsonarista questionou porque então ele enviou mensagens “pedindo intervenção” militar no país.

O depoimento de Jean Lawand faz parte das investigações sobre os ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.

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