“É preciso ter um olhar diferenciado para o semiárido”, diz Pimentel

Pimentel informou que, na próxima semana, a presidenta Dilma deverá visitar as obras dos canais leste e norte da transposição do Rio São Francisco.

“É preciso ter um olhar diferenciado para o semiárido”, diz Pimentel

 “Os dois grandes canais do São Francisco vão
permitir a perenização de muitos rios e córregos
e garantirão a segurança hídrica nas barragens”

Em discurso na tribuna do Senado na tarde desta terça-feira (12), o líder do Governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), pediu uma atenção para os perímetros irrigados sob administração da Codevasf e do DNOCs como forma de mitigar os efeitos da mais dura estiagem vivenciada na região do semiárido nordestino nos últimos 50 anos. Pimentel informou que na próxima semana a presidenta Dilma Rousseff deverá visitar a região e a preocupação está justamente com o canal Leste da transposição do Rio São Francisco que atende os estados de Pernambuco e Paraíba e o canal Norte, beneficiando o Ceará, Pernambuco, Paraíba e o Rio Grande do Norte. “Esses dois grandes canais vão permitir a perenização de muitos rios e córregos e garantirão a segurança hídrica nas barragens. Mas enquanto não se concretizam precisamos ter um olhar diferenciado para a nossa região”, defendeu.

Segundo Pimentel, uma série de medidas já foi adotada pelo Governo Federal e teve a contribuição do Congresso, seja pela renegociação das dívidas de pequenos produtores rurais, seja pela a venda de milho para a região por um preço diferenciado. O líder informou que os agricultores familiares perderam mais de cem mil cabeças de gado entre 2012 e 2013 por causa da estiagem e esse gado exercia uma espécie de poupança que o pequeno produtor tinha para fazer frente a despesas eventuais que sempre acontecem.

“Precisamos agora criar um mecanismo tão logo o inverno volte para que eles possam recompor os seus rebanhos com olhar todo especial para os caprinos, os ovinos, esses animais de menor porte que são fundamentais para a nossa região. Eu sei do empenho de toda a sociedade brasileira, a compreensão para com a nossa região, mas também precisamos desenvolver políticas de convivência com a seca para que, no dia de amanhã, tenhamos uma produção idêntica e a mesma produtividade que temos em outras regiões brasileiras”, salientou.

O líder disse que a principal carência dessa região afetada pela estiagem é a água, porque com o programa Bolsa Família a realidade local melhorou demasiadamente. Mas a água, essa fonte de vida, é fundamental para o desenvolvimento. “Nos perímetros irrigados temos uma produtividade muitas vezes superior a várias outras regiões do Brasil, onde há chuva permanente. Nós temos mais de 300 mil hectares de terra na região do semiárido, áreas irrigadas com infraestrutura, mas há um conjunto de medidas que dificultam o melhor aproveitamento desses perímetros irrigados”, alertou.

O perímetro irrigado do São Francisco, em Petrolina, Juazeiro, no Ceará, há experiências positivas, a exemplo da chamada Chapada do Apodi que fica no médio Jaguaribe, onde a produtividade é elevada porque tem água disponível. Então, o desafio é desenvolver projetos locais com a participação dos governos municipais, estaduais e federal. “Nesse aspecto, o DNOCs que é uma instituição centenária, tem um papel fundamental da infraestrutura hídrica que consideramos a indústria de fazer água. Neste momento, estamos trabalhando para transformá-lo num órgão de âmbito nacional para que as suas experiências possam contribuir com outras regiões do Brasil que também passaram ou estão passando por um processo de escassez de chuva e a necessidade de irrigação”, afirmou.

Pimentel observou, ainda, que o custo da energia na região do semiárido é muito elevado, ou seja, é o mesmo valor cobrado na zona urbana, o que inviabiliza toda e qualquer produção. “O principal instrumento para resolver isso é a interligação das águas do Rio São Francisco”, disse ele, acrescentando que a revitalização vai levar água para localidades onde vivem mais de 12 milhões de pessoas, que neste momento sofrem os efeitos da maior estiagem das últimas décadas.

Marcello Antunes

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