ARTIGO

Economia e negociações com os EUA, por Beto Faro

Precisamos superar esse período da tarifaço, menos pelos efeitos da medida na economia brasileira, e muito mais pelo mal-estar político desnecessário entre dois países aliados históricos

Alessandro Dantas

Economia e negociações com os EUA, por Beto Faro

Restabelecidas as relações diplomáticas com os EUA e isoladas as forças que militavam por prejudicar a economia e a população brasileira, o Brasil passa a ter ainda mais potencializadas as suas condições econômicas, já muito promissoras. As intenções expressas por Lula e Trump por negociações econômicas e comerciais plenas entre Brasil e EUA, permitem que se projete avanços substanciais em investimentos, tecnologia, e comércio, com os seus efeitos multiplicadores na economia brasileira.

A reaproximação com os EUA se inscreve na estratégia consistente de relações multilaterais do governo brasileiro pela qual não existe parceiro preferencial. Queremos parcerias profundas com EUA, China, o conjunto do BRICS, União Europeia, e demais parceiros da América Latina, África e Ásia.

Precisamos superar esse período da tarifaço, menos pelos efeitos da medida na economia brasileira, e muito mais pelo mal-estar político desnecessário entre dois países aliados históricos.

Quando consideramos o acumulado de janeiro a setembro, as exportações brasileiras, de 258 bilhões de dólares, foram 3 bilhões de dólares maiores que no mesmo período de 2024. Para os EUA as nossas vendas, de 29.2 bilhões de dólares, corresponderam a um recuo de “apenas” 200 milhões de dólares. Apenas porque, curiosamente, no período, as exportações para a China recuaram 1 bilhão de dólares. Será que o tarifaço foi da China?

Mas o tarifaço efetivo afetou o Brasil no acumulado da balança comercial com os EUA até o setembro, dado o nosso déficit que aumentou de 1.3 bilhão de dólares em 2024, para 5.1 bilhões neste ano. Isso por conta da opção tática do governo brasileiro que se mantém sem aplicar as devidas e legítimas medidas de reciprocidade comercial ao tarifaço na expectativa do reposicionamento do governo Trump. Por essa razão nossas importações dos EUA cresceram de 30.7 bilhões de dólares para 34.3 bilhões de dólares.

Ao analisar os dados do MDIC sobre o estado do Pará, até o momento, o tarifaço não impactou negativamente nem mesmo as vendas externas do estado para os EUA.

De janeiro a setembro de 2025, as exportações do Pará totalizaram 17.6 bilhões de dólares, o que significou incremento de 3.6% em relação a igual período de 2024. No entanto, em aparente contradição, neste ano, até setembro, as exportações do Pará para os EUA somaram 847.5 milhões de dólares, ou seja, um crescimento de 38.3% sobre o mesmo período de 2024.

Ainda que tendo apresentado queda de 14% neste ano, as exportações de minério de ferro para os EUA, correspondentes e 8.2 bilhões de dólares no acumulado janeiro a setembro de 2025, continuam liderando as vendas externas do Pará para os americanos. Bem atrás, temos as exportações de cobre que cresceram de 2 bilhões de dólares para 2.4 bilhões de dólares.

Mesmo no caso das madeiras perfiladas, para as quais esperava-se queda expressiva nas vendas para os Estados Unidos, as exportações paraenses para aquele país foram de 93 milhões de dólares, neste ano, até setembro, o que significou um incremento de 5.3% em relação ao mesmo período de 2024. 

Em suma, o provável restabelecimento da normalidade nas relações diplomáticas com os EUA se dará num contexto de relativa exuberância dos nossos indicadores econômicos. Assim, considerando a escala e a qualidade do mercado americano, a reversão do tarifaço num cenário de negociações econômicas e comerciais amplas como prometem Trump e Lula, tende a potencializar o dinamismo da economia brasileira e a do Pará.

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