O governo Michel Temer (MDB) lançou nessa terça-feira (20) um novo edital para a substituição das vagas dos profissionais cubanos, que vão deixar o programa Mais Médicos. A decisão é uma resposta ao comunicado da Associação Brasileira de Municípios (ABM), que pediu ao próximo presidente que buscasse “reverter a decisão anunciada pelo Ministério da Saúde Publica de Cuba de terminar a parceria com a Opas [Organização Pan-Americana de Saúde] para envio de médicos ao Brasil”.
O novo edital abrirá 8,5 mil vagas em 2,8 mil municípios, para formados no Brasil ou estrangeiros que tenham passado pelo Revalida. As vagas remanescentes serão destinadas a profissionais, de qualquer origem, graduados fora do Brasil. Temer afirmou “não haverá ausência [de profissionais] porque ela será preenchida com CRM brasileiro”.
Para que a ideia se concretize, o edital precisará oferecer “atrativos” aos médicos brasileiros. Estes, ao início do programa, não se mostraram dispostos a trabalhar em locais isolados, longe das capitais ou com difícil acesso. Por isso mesmo, houve a necessidade de trazer ao país intercambistas cubanos.
Thiago Henrique Silva, mestre em Saúde Pública pela USP e integrante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, explica que a reivindicação de municípios por mais vagas vem desde o começo deste ano – mesmo antes da saída dos cubanos, já havia um déficit de duas mil vagas. Ele afirma que a questão será de difícil resolução, uma vez que as vagas preenchidas pelos profissionais da ilha seguiram o mesmo modelo do novo edital, tendo sido oferecidas aos brasileiros antes.
Ou seja, o público alvo do edital tem o mesmo perfil social dos profissionais que, em 2013, se recusaram a trabalhar em regiões pobres ou com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “Houve uma chamada inicial só para médicos brasileiros [no início do programa]. Essa chamada teve alguns médicos que até foram para localidades afastadas. A maioria não quer ir para o interior. Até o Centro-Oeste tem dificuldades. Quando tinha médicos [brasileiros] que iam para áreas distantes, eles voltavam com dois meses”, afirma.