Eduardo Suplicy cita anos de chumbo e celebra a democracia no Brasil

Senador está assombrado com mobilização para enaltecer marcha conservadora.


Censura à cantora norte-americana, impedida de
cantar em universidade há 33 anos, foi citada em
discurso pelo parlamentar paulista

Ao homenagear a cantora e compositora Joan Baez, que foi proibida de cantar no Teatro da Pontifícia Universidade Católica em São Paulo há 33 anos pela ditadura militar, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) recordou as dificuldades dos anos de chumbo no Brasil e na América Latina.

Em pronunciamento no plenário nesta quinta-feira (20), Suplicy comemorou o regime democrático que permitiu a vinda da cantora ao País para, finalmente, se apresentar – o senador é fã incondicional da cantora. E se disse assombrado com as notícias de que, no próximo sábado, algumas pessoas se preparam para enaltecer a intitulada Marcha pela Família, com Deus pela Liberdade.

“Eu aqui lhes digo quão importante é para nós, brasileiros, perceber que, naquela época, dos 21 anos de regime militar, não tínhamos eleições diretas para a presidência, para elegermos o prefeito das capitais, das estâncias climáticas; não havia liberdade efetiva de imprensa e tantos shows e peças de teatro foram probidos”, recordou o senador.

“Na democracia, embora se respeite a vontade da maioria, os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias têm que ser protegidos”, disse Suplicy, lembrando que, além de direitos, cidadãos que vivem sob o regime democrático têm o dever de participar do sistema político.

“Eu tinha 22 anos quando os militares deram o golpe de Estado, em 1964, e estabeleceram um regime de exceção no País, que não queremos mais que venha a acontecer”, insistiu o senador ao citar que, uma vez instalados no poder, os militares esqueceram suas promessas de dar início rapidamente a uma transição para a democracia.

“Vinte e um anos se passaram e, nesse período de exceção, além da mácula da tortura, das prisões ilegais e do sofrimento imposto a várias famílias de brasileiros que defendiam o retorno imediato do regime democrático, o Brasil, como nação, e seu povo perderam muito de sua identidade, que, agora, tentamos a duras penas, com avanços e retrocessos, resgatar”, mencionou.

Giselle Chassot

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