O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) elogiou, em pronunciamento, nesta terça-feira (09), a atitude da cantora Daniela Mercury, que na última semana tornou público seu casamento com a jornalista Malu Verçosa. “Quero hoje registrar o meu respeito à excepcional cantora baiana”, afirmou o senador, referindo-se à grande repercussão alcançada pela revelação da artista.
“Ao longo de minha vida, eu aprendi a ter |
“Ao longo de minha vida, eu aprendi a ter respeito por aquelas pessoas optaram por viver uma relação homossexual”, afirmou Suplicy, destacando a honestidade a sinceridade de quem enfrenta o preconceito. “Daniela Mercury, depois até de ter se casado com dois homens, ter tido dois filhos com o primeiro e adotado três com o segundo — aliás, uma atitude muito cristã — resolveu agora, se casar com essa jornalista. Quero expressar o meu sentimento de respeito por ela e por pessoas que, como ela, resolvem tomar esse caminho. Todas precisam ser respeitadas”, afirmou.
Na semana passada, Daniela Mercury revelou, por meio da rede social Instagram, fotos suas com a jornalista Malu Verçosa, afirmando que “Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração para cantar”. A repercussão foi imediata, como lembrou Suplicy, ganhando as manchetes de jornais e telejornais e chegando às capas das duas revistas semanais de maior circulação no País, além de ter sido destaque no programa dominical de maior audiência.
O senador destacou as razões da cantora para tornar pública sua relação amorosa. “Porque quis ter minha dignidade preservada, como todo mundo. Quero ser aceita, ter liberdade, ser respeitada. Não suportaria ficar escondida, e o único jeito de não ficar escondida, com medo das fofocas, foi tratar isso como uma coisa natural, que de fato é.”, citou Suplicy em seu discurso.
O anúncio da cantora baiana ocorre em um momento que o tema homossexualidade ganhou as redes sociais e páginas nos jornais e na imprensa brasileira, após o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH), da Câmara dos Deputados, pastor Feliciano (PSC-SP), ter condenado a livre orientação sexual. Desde então diversas personalidade públicas têm reagido à postura do pastor.
Mazelas do preconceito
O senador rememorou a história do poeta Anderson Herzer, quem conheceu adolescente, interno na FEBEM. O jovem, transexual, trabalhou por dois anos no escritório de Suplicy, quando ele ainda exercia um mandato de deputado estadual em São Paulo. “Quando quis fazer exame para um concurso na Assembleia Legislativa, ao mostrar sua identidade para o responsável daquele exame, ele lhe disse: ‘Mas como assim, você está vestida de homem e é, na verdade, uma moça?’ Ela ficou tão nervosa e preocupada que acabou não passando no exame”, contou o senador.
“Pouco depois, ela me mostrou um poema que escreveu em que ela dizia que iria terminar sua vida”, prosseguiu. Anderson Herzer suicidou-se cerca de um mês depois desse episódio, atirando-se do Viaduto do Chá, na capital paulista. Seu livro autobiográfico “Queda para o alto”, editado pela Editora Vozes – que era dirigida pela pensadora feminista Rose Marie Muraro e pelo teólogo Leonardo Boff—já está na 28ª edição.
“É uma estória muito bonita, dedicada, sobretudo, aos menores, às crianças, que, na sua tenra idade, não tiveram oportunidades plenas à cidadania, e é um livro que é muito lido por jovens, principalmente nas áreas mais carentes, nas áreas periféricas”, destacou o senador.
Cyntia Campos