Educação

Educadores elogiam política de formação de professores, mas apontam desafios

Audiência solicitada pela senadora Augusta Brito faz parte de um ciclo de audiências para avaliação da política Compromisso Nacional Criança Alfabetizada

Alessandro Dantas

Educadores elogiam política de formação de professores, mas apontam desafios

Debatedores destacaram nessa terça-feira (9/9), em audiência pública da Comissão de Educação (CE), as ações do Ministério da Educação (MEC) em apoio à formação de profissionais de educação básica, cuja atuação consideram essencial para a ampliação do direito à alfabetização. Porém, os convidados também lembraram que ainda há muito a avançar na alfabetização, especialmente na valorização dos professores.

A audiência aconteceu a pedido da senadora Augusta Brito (PT-CE), que conduziu o debate. Ela faz parte de um ciclo de audiências para avaliação da política Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que foi lançada em 2023 com o objetivo de garantir que todos os alunos sejam alfabetizados até o segundo ano do ensino fundamental.

A avaliação dessa política é um dos objetivos da CE neste ano. Augusta disse esperar que a avaliação gere recomendações da CE com respaldo de conhecedores do tema.

“Vamos ter aqui mais audiências públicas, vamos falar mais sobre a questão da educação, especialmente da alfabetização na idade certa e tudo que ela envolve”, assegurou a senadora.

A alfabetização na idade certa e com a devida qualidade é um direito da criança, disse a secretária de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Rosilene Corrêa Lima. Porém, ela considera que o Brasil ainda se recupera do “golpe” da implementação insuficiente do Plano Nacional de Educação (PNE).

“Tivemos um desmonte de todas as políticas voltadas para a melhoria e para a garantia de qualidade, acesso e permanência. A educação infantil não foi diferente”, lembrou.

Entre outros pontos, Rosilene cobrou a valorização dos profissionais da educação, com planos de carreira mais sólidos. Em sua avaliação, fazer com que os profissionais permaneçam no magistério é um desafio, pois os incentivos ainda são insuficientes.

A coordenadora-geral de formação de professores da educação básica do MEC, Lucianna Magri de Melo Munhoz, explicou as políticas do ministério em apoio ao segmento e manifestou esperança no Concurso Nacional Unificado (CNU) para aumento do número de professores.

“Tivemos mais de um milhão de professores inscritos na primeira edição [do CNU]. Isso mostra que os professores, sim, querem e precisam de concurso público”, disse.

Também representando o MEC, o coordenador-geral de Políticas de Educação do Campo, Evandro Costa de Medeiros, destacou o investimento do ministério em cursos de licenciatura em educação do campo, e alertou para as condições precárias das escolas do campo e o baixo índice de professores sem ensino superior nessas unidades.

Formação

Representante do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (Mieib), Cristina Madeira-Coelho destacou a importância da educação até os 6 anos, que deve ser levada em conta na formação de professores.

“A criança tem especificidades no seu processo de aprendizagem que é preciso que a gente respeite para dizermos que a educação tem qualidade”, explicou.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Alfabetização (Abalf), Fernando Rodrigues de Oliveira, contrastou a ampliação do acesso à escola com os obstáculos que ainda existem à alfabetização plena, mas elogiou a postura do MEC em apoio ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, especialmente na formação de professores.

“As entidades científicas e a sociedade civil passaram a ser ouvidas novamente no âmbito do Ministério da Educação. Política pública não é constituída e não se solidifica quando é pensada exclusivamente em gabinetes”, disse.

A diretora de articulação institucional da Associação Nacional Pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope), Andréia Nunes Militão, afirmou que a política de alfabetização deve considerar não só as necessidades específicas das escolas, mas também as necessidades formativas dos profissionais.

“A formação inicial e continuada dos profissionais do magistério precisa ser pensada de maneira orgânica e articulada com as necessidades da educação básica”, salientou.

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