Jornal chama atenção para convite do Banco Mundial à ministra do Desenvolvimento Social para “explorar vias de cooperação” com a instituição para expandir o programa com apoio financeiro do Banco Mundial.
De novo, nenhuma palavra de repercussão – o que confirma o propósito das empresas de mídia de esconder notícias positivas do Brasil no exterior, pois elas contradizem o pessimismo que está se tentando plantar.
Um dia antes da omissão à reportagem elogiosa ao Programa Bolsa Família no The Washington Post, o mais importante jornal da Espanha, El País, trouxe a reportagem “Brasil quer exportar o sucesso de suas políticas sociais”, assinada pelo correspondente do jornal na capital norte-americana.
O texto remete para o convite feito pela “alta direção” do Banco Mundial à ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, para “explorar vias de cooperação” com a instituição. Objetivo: expandir o programa para outros países do mundo, com apoio financeiro do Banco Mundial.
Contra o silêncio da mídia brasileira, a publicação de elogios ao Bolsa Família em importantes jornais do mundo – aliado à disposição do Brasil de apoiar outras nações – é, hoje, um ativo diplomático do Brasil no cenário internacional, como definiu o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, na última quinta-feira (06/02).
A nova omissão da grande mídia, agora escondendo dos brasileiros a importância internacional que as políticas sociais do País alcançaram nos órgãos multilaterais, como a ONU e o Banco Mundial, por exemplo, comprova adotada nos dez últimos anos de privilegiar o noticiário negativo e fomentar o pessimismo.
Essa forma de censura explica o quase sumiço do tema na mídia brasileira – onde as raras abordagens ao programa, em geral, buscam escândalos e desvios que não se comprovam nem sustentam.
Leia, a seguir, a tradução livre da reportagem do El País:
Brasil quer exportar suas políticas sociais
A ministra do Desenvolvimento Social se reunirá em Washington com o Banco Mundial para explorar vias de cooperação
Dez anos depois da criação do programa de ajuda econômica Bolsa Família, que tirou milhões de cidadãos da pobreza, o governo brasileiro e o Banco Mundial creem que a experiência deste modelo pode ser muito útil para outros países
A principal finalidade é assessorar outros países interessados em fomentar “mecanismos” de ajuda aos mais pobres, explicou, nesta quarta-feira (29/01) Tereza Campello ao El País, após participar de um encontro organizado pelo Instituto do Brasil, no Wilson Center, da capital norte-americana. Entre as possíveis medidas discutidas, estão a criação de uma plataforma tecnológica para compartilhar informação ou iniciativas que aprimorem a capacitação dos assistentes sociais.
As autoridades brasileiras já prestam cooperação em projetos de luta contra a pobreza para países da África, América Latina, Oriente Médio e Ásia. A ministra destacou que muitos nações em desenvolvimento “usam o exemplo do Brasil como inspiração”, embora, alerta ela, “nenhuma política pode ser implantada nem copiada”, por causa das diferentes realidades entre os países.
Aproveitando sua passagem por Washington, a integrante do governo Dilma Rousseff participará, nesta sexta-feira, de um diálogo organizado pelo Center for American Progress (Centro pelo Progresso Americano), uma entidade de cunho progressista bastante próxima da Casa Branca. Não haverá nenhum encontro entre ele e membros do governo de Barack Obama, o que, para ela, não é importante. Tereza Campello explicou que não solicitou reunião porque o objetivo de sua visita é reunião com o Banco Mundial e que, embira as autoridades brasileiras estejam abertas a cooperar com todos os países, são os países mais pobres que costumam mostrar interesse pelo modelo do Bolsa Família. Apesar disso, o programa criado em 2003 – e que consistem em uma ajuda econômica de cerca de US$ 50 aos que ganham menos de US$ 30 por mês – também gerou elogios nos Estados Unidos como, por exemplo, do ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg.
Durante o encontro desta quarta-feira (29/01), a ministra fez uma veemente defesa dos benefícios desta linha de assistência e reverteu as críticas daqueles que dizem que o Bolsa Família fomenta as famílias a terem mais filhos para receber mais benefícios, ou que os adultos deixam de trabalhar para receber o benefício. Ela explicou que um elaborado sistema evita as fraudes e comemorou o fato de o programa ter cumprido com seus objetivos de levar mais crianças para as escolas e levar mais assistência de saúde para as famílias, além de reduzir a pobreza e a fome. Como exemplo, apresentou dados mostrando que, nos dez últimos anos, a taxa de fecundidade caiu 20% em todo o Brasil e 30% entre os mais pobres, assim como o número de empregos criados quase dobrou e a assistência pré-natal, ao mesmo tempo em que o número de mortes por desnutrição e diarreia caio 58% e 46%, respectivamente.
Ela também frisou que o Bolsa Família, junto com outros benefícios complementares impulsionados em 2011, dentro do conjunto de políticas do programa Brasil Sem Miséria, conseguiu tirar da pobreza extrema – ou menos de US% 1,25 por dia – 36 milhões de pessoas, o que leva a queda de miseráveis a 89%. Cerca de 14 milhões de famílias, equivalente a 50 milhões de cidadãos, foram beneficiadas por essas medidas assistenciais. Agora, o grande desafio é fazer com que a ajuda chegue a aproximadamente 600 mil famílias brasileiras que continuam na pobreza extrema. O compromisso de Dilma Rousseff é erradicar por completo essa chaga neste ano.
Finalmente, a titular do Desenvolvimento Social referiu-se ao impacto econômico do programa, que ela classificou como “o mais estudado do mundo”. Destacou que cada dólar investido pelo Estado gera um retorno para a economia de US$ 1,78, e que já as diferenças de renda foram reduzidas significativamente. No período compreendido entre 2002 e 2012, detalhou, a renda dos 20% de brasileiros mais pobres cresceu 6,4%, ao passo que a dos 20% mais ricos subiu 2,5%. Em paralelo, disse, o valor do salário mínimo teve um salto de 72%, entre 2002 e 2013.
Leia mais: