Em entrevista concedida ontem e divulgada pela Agência Brasil, o presidente da Eletrobras, José da Costa, traçou um panorama positivo para a holding do setor elétrico que tem o governo como seu principal acionista. A companhia deverá encerrar este ano com investimentos realizados no valor de R$ 11 bilhões, o maior da história. Esses recursos aplicados em melhorias na infraestrutura de geração, distribuição e transmissão de energia correspondem a 82% do orçamento previsto de R$ 13,4 bilhões.
Segundo o presidente, até outubro os investimentos feitos, incluindo recursos corporativos (efetuados apenas pelas empresas do grupo Eletrobras) e os implementados em parceria com o setor privado, somaram R$ 7,6 bilhões, o equivalente a 57% do orçamento total. Costa estimou que até dezembro serão aplicados mais R$ 3 bilhões. “Pode ser um pouco mais ou um pouco menos”.
Dos R$ 11 bilhões em investimentos que serão executados este ano, R$ 6 bilhões envolverão projetos corporativos e R$ 5 bilhões resultarão de parcerias com a iniciativa privada. Dentro do setor corporativo, R$ 600 milhões serão aplicados em infraestrutura, R$ 1,4 bilhão em distribuição de energia, R$ 6,5 bilhões para geração e o restante para transmissão.
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Em relação ao prejuízo líquido consolidado de R$ 915 milhões, apurado no terceiro trimestre deste ano, contra um lucro de R$ 1 bilhão observado no mesmo período do ano passado, o presidente da Eletrobras indicou que esse déficit deverá ser revertido no próximo ano. Segundo a empresa, o prejuízo foi influenciado pela renovação antecipada das concessões, que diminuiu as tarifas de geração e transmissão da estatal.
O Plano Diretor de Negócios e Gestão da empresa prevê investimentos, de 2013 até 2017, de R$ 52,4 bilhões, ou cerca de R$ 11 bilhões por ano. José da Costa informou que desse montante, R$ 32,1 bilhões já estão contratados e a parcela restante (R$ 20,3 bilhões) está por contratar nos novos leilões.
A Eletrobras registrou em 2013 um desempenho considerado positivo em termos de redução de custos, a partir da implementação do plano de negócios. A expectativa é que mais de 5 mil empregados façam adesão ao Programa de Incentivo ao Desligamento, ou o correspondente a quase 20% do total de funcionários do sistema. Até o momento, 4,4 mil pessoas se inscreveram no programa. Costa avaliou que essa redução de custos acaba refletindo também em redução de gastos com serviços.
Ele acrescentou que o compartilhamento dos serviços e de toda a infraestrutura das empresas ligadas à holding terá um papel importante a cumprir nesse processo. Nesse sentido, a Eletrobras está estudando a possibilidade de reunir todas as empresas do grupo e a parte administrativa do Centro de Pesquisas (Cepel) em um único endereço. Serão unificados todos os escritórios situados no Rio de Janeiro e em Brasília, o que trará redução ainda maior de custos, além de aumento da receita, segurança e desenvolvimento tecnológico.
Costa admitiu que um projeto viável envolve a construção de um novo prédio no local onde já funciona Furnas, em Botafogo, na zona sul do Rio, para viabilizar a transferência de todo o pessoal do grupo. Ele deixou claro, porém, que a obra não será feita pela Eletrobras, mas por uma das fundações ligadas à estatal (Fundação Real Grandeza ou Fundação Eletrobras de Segurança Social-Eletros). “É um projeto de sinergia, de interação e compartilhamento”, disse.
No primeiro ano após a vigência da Lei 12.783, que prorrogou as concessões e reduziu de 16% a 28% o valor das tarifas de energia, o Brasil está atingindo em torno de 125 mil megawatts (MW) de geração de energia, dos quais a Eletrobras participa com cerca de 43 mil MW em operação, 35% do total. “No caso da estatal, [são] mais de 90% dessa participação com fontes limpas”, destacou. Mais 23 mil MW se referem a novas usinas, em construção, dos quais 12 mil MW englobam projetos da própria empresa. Os demais são feitos em parceria com o setor privado.
O presidente da empresa defendeu a manutenção desse modelo, no qual a Eletrobras é sócia minoritária, porque tem menos amarras, aumenta o investimento e dá mais velocidade ao projeto. Com os novos 12 mil MW em usinas pertencentes à estatal, a Eletrobras vai atingir, entre 2016 e 2017, 55 mil MW. “Esse número é maior do que a potência de todos os países da América do Sul, da América Central, do Caribe e da África”.
Em transmissão, o Brasil está alcançando 111 mil quilômetros de linhas, dos quais 57 mil quilômetros pertencem à Eletrobras. “Nós estamos envolvidos na construção de mais de 10 mil quilômetros de linhas”. Isso resulta em uma participação superior a 55% ao existente no Brasil. Em distribuição de energia, a perspectiva é ligar160 mil novos consumidores nas seis distribuidoras do grupo.