Marcello Antunes
13 de dezembro de 2016 | 18h20
A base do governo golpista no Senado cochilou. Ela ainda comemorava a aprovação da PEC da Maldade nos restaurantes de Brasília, enquanto manifestantes apanhavam da PM, quando o plenário da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou, no começo da tarde, requerimentos de autoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Pelos requerimentos, o Senador pede explicações do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da responsável pela Advocacia Geral da União (AGU), sobre a articulação dos dois para favorecer o ex-secretário de Governo, Geddel Vieira Lima, no caso do apartamento La Vue, em Salvador, que teve suas obras embargadas.
Por conta de mais esse escândalo no governo Temer, o então ministro Geddel Vieira Lima foi demitido. Quem o denunciou foi o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que foi pressionado por Geddel para obrigar o instituto do patrimônio histórico (Iphan), que faz parte da estrutura do Ministério da Cultura, a suspender o embargo da obra. Geddel, primeiro, pressionou Calero. Como este não atendeu o pedido, para mostrar poder, envolveu o próprio presidente da República.
Para socorrer o amigo, Temer chamou Calero e disse, em outras palavras, “que na política tem dessas coisas”. Calero pediu demissão e denunciou, não só Geddel, mas Eliseu Padilha e Grace Mendonça. Ambos estavam escalados por Temer para dar “um jeitinho”.
O líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), atendeu aos chamados dos assessores do governo Temer e correu para o plenário da CAE. Antes de iniciar a votação do requerimento afirmou: “eu voto contra”. Mas nesse momento o senador Roberto Requião fez a seguinte proposta: “Se Eliseu Padilha não aceitar o convite para comparecer ao Senado, automaticamente ele estará convocado”. O autor do requerimento, Lindbergh, concordou, enquanto Requião alfinetou Eunício. “Quer dizer que o senador Eunício é contra o convite e a favor da convocação de Eliseu Padilha. É isso?, indagou.
Eunício mostrou sua fidelidade ao governo golpista e ao ainda ministro Padilha. “Não quero convocação e nem convite”.
Audiência
De autoria do senador José Pimentel (PT-CE), a CAE aprovou requerimento para realizar no começo do ano que vem uma audiência pública com a presença do presidente do Banco do Brasil, Pedro Cafareli. O objetivo é que ele dê explicações para os senadores, bancários e funcionários do banco sobre o plano de reestruturação anunciado recentemente. Esse plano, que vai contra a sociedade e ao processo de inclusão bancária, prevê o fechamento de 784 agências e a demissão de 18 mil funcionários.
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