Em artigo, Gleisi garante que Senado não chancelará o golpe sem luta

Em artigo, Gleisi garante que Senado não chancelará o golpe sem luta

Texto publicado nesta segunda-feira deixa clara a intenção do PT de não desistir da luta pela democracia. Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilA senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) garante: o PT e as pessoas que defendem a democracia no Brasil não vão desistir de lugar. Porque o processo de impeachment autorizado ontem pela Câmara dos Deputados é, nitidamente um golpe.

Ela lamentou especialmente que a bancada de seu estado, o Paraná, tenha votado maciçamente pelo impeachment. “Falaram da corrupção como se vivessem num Estado governado por virtuosos, por um governador honesto e sério. Foi muita hipocrisia”, lamenta.

Para Gleisi, o espetáculo vergonhoso a que o Brasil assistiu nesse domingo (17) não se repetirá no Senado  – uma Casa mais equilibrada, onde será feita a discussão do mérito do processo. Ou seja, do assunto que, de fato, o motivou.

Veja a íntegra do artigo, publicado nesta segunda-feira (18) no portal Brasil 247:

 

No Senado, vai ter luta. Não vamos desistir da democracia

Se havia alguma dúvida, ela acabou. Ontem ficou claro para o Brasil que o processo de impeachment da presidenta Dilma é um golpe.

Durante a votação, assistimos deputados usando todo tipo de argumento: família, netos, marido, mulher, religião, combate à corrupção. O que não vimos foi falarem do suposto crime de responsabilidade que Dilma teria cometido.

Isso porque Dilma não cometeu crime algum e os deputados sabem disto. Nem um fato sequer foi encontrado contra a presidenta. Nada que tornasse este processo constitucional. Sua origem é viciada, nasce do desejo de vingança, sob premissa falsa. Foi incentivado e conduzido por Eduardo Cunha. Foi constrangedor ouvir os discursos irados contra a corrupção e ver um dos maiores envolvidos em corrupção dirigir a sessão.

A bancada do Paraná, meu Estado, votou majoritariamente pelo impeachment, pelo golpe. Falaram da corrupção como se vivessem num Estado governado por virtuosos, por um governador honesto e sério. Foi muita hipocrisia! Poderiam, pelo menos, ser coerentes e denunciar aquele governo. Exceção à deputada Christiane Yared. Quem era contra a corrupção não poderia aceitar um impeachment conduzido por Eduardo Cunha!

Os defensores do golpe não votaram de acordo com suas consciências. Votaram por oportunismo e por covardia de se opor aos desejos da mídia, de Eduardo Cunha e dos movimentos fascistas, que influenciaram a opinião pública ao longo dos últimos meses. Se aproveitam da grande campanha agressiva de desconstrução da presidenta para fazer o discurso fácil e moralista “contra a corrupção”. Isso tudo com o aval do conspirador vice-presidente, Michel Temer, e do candidato derrotado nas urnas, Aécio Neves. Uma vergonha, um retrocesso para a democracia. Relativizaram o poder do voto.

Ontem foi um dia triste pelo episódio lamentável que a Câmara dos Deputados protagonizou. Mas hoje já estamos descansados e bem vivos, prontos pra continuar a luta. O Senado da República é uma Casa mais equilibrada, aqui faremos a discussão de mérito, aqui impediremos a concretização do golpe. Aqui defenderemos a democracia. Nos últimos anos, o Senado da República não faltou ao país, corrigindo os erros e excessos da Câmara. O fará novamente agora.

 

Gleisi Hoffmann é senadora pelo PT do Paraná

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