Em artigo, Paulo Rocha afirma que continua a luta em defesa da democracia

Em artigo, Paulo Rocha afirma que continua a luta em defesa da democracia

Paulo Rocha: “Estamos nas ruas e vamos continuar até este domingo em vigília para enfrentar os golpistas”O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA) assina artigo publicado no portal Brasil 247, intitulado “Vamos continuar na trincheira, defendendo a democracia”. Nele, o líder afirma que “os parlamentares da Câmara e do Senado que abraçaram essa tese [do impeachment], terão um registro permanente que os incomodará: “estiveram ao lado e apoiaram a delinquência de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, que também é réu no STF por crimes de corrupção, evasão de divisas, formação de quadrilha, entre outros”.

De acordo com Paulo Rocha, o texto do deputado Jovair Arantes, relator do processo de impedimento, não comprova que a presidenta cometeu crime de responsabilidade e confessa que não tem indício nem prova. “Mas, mesmo com todos esses vícios, foi aprovado pela bancada teleguiada por Eduardo Cunha”.

Apesar disso, o senador comemora o fato de essa organização “antipovo” estar enfrentando cada vez mais resistência. Professores, jovens, pesquisadores, representantes das mais variadas ciências nas universidades, agricultores, sindicatos, cientistas, artistas, movimentos sociais e igrejas demonstraram seu apoio a presidenta Dilma Rousseff e reafirmaram o compromisso de que estarão ao seu lado contra o golpe.

“Os golpistas não passarão. A sociedade reage energicamente à tentativa de golpe com reações espontâneas que se reproduzem por todo o Brasil. Ao contrário do ódio pregado nas redes sociais pelos que apoiam o golpe, essas manifestações em favor da democracia vêm ocorrendo em paz – e com o apoio dos mais importantes e influentes artistas brasileiros”, disse. “Estamos nas ruas e vamos continuar até este domingo em vigília para enfrentar os golpistas”, conclui.

Confira a íntegra do artigo:

Vamos continuar na trincheira, defendendo a democracia

Esses dias turbulentos que atravessamos ficarão para sempre marcados na história de como um governo democraticamente eleito foi ameaçado por uma tese de impeachment cínica e inconsistente, que serviu de arma para tentar tirar uma presidenta da República de seu posto à força e ao arrepio da Constituição.

Por mais honrados que sejam os parlamentares da Câmara e do Senado que abraçaram essa tese, um registro permanente os incomodará sempre: estiveram ao lado e apoiaram a delinquência de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, que também é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes de corrupção, evasão de divisas, formação de quadrilha, entre outros.

Os tucanos já estão carimbados como cúmplices de uma comissão de impeachment dirigida, onde mais da metade de seus integrantes responde a algum tipo de processo na Justiça – a maioria por corrupção, frise-se – contra uma presidenta que não é suspeita de qualquer irregularidade, que não responde a um processo sequer, que não aparece nas listas de envolvidos com distribuição de propinas e que não foi flagrada com milhões de dólares depositados na Suíça.

O relatório aprovado na comissão especial do impeachment, assinado pelo deputado Jovair Arantes (PTB-GO), ele próprio respondendo na Justiça por suas relações suspeitas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, é frouxo. O texto não comprova que a presidenta cometeu crime de responsabilidade e confessa que não tem indício nem prova. Mas, mesmo com todos esses vícios, foi aprovado pela bancada teleguiada por Eduardo Cunha – dono da maior folha corrida de crimes da história da Câmara dos Deputados. O relatório é frouxo porque considera que a gestão de Dilma Rousseff cometeu irregularidades nas práticas orçamentárias. Irregularidades que vinham sendo cometidas desde os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, mas que nunca foram questionadas nem tipificadas como crime de responsabilidade.

Esses personagens sombrios estão sendo amplamente rechaçados nas pesquisas eleitorais, mesmo livres do ônus de chefiar o governo e anunciar medidas muitas vezes impopulares. Apenas 2%, segundo o Datafolha, votariam em Michel Temer, principal beneficiário do golpe articulado por Cunha, cuja cassação é reclamada por três em cada quatro entrevistados.

Mas essa organização antipovo enfrenta resistência cada vez maior. Nos últimos dias, a presidenta Dilma recebeu apoio de professores, jovens, pesquisadores, representantes das mais variadas ciências nas universidades, agricultores, sindicatos, cientistas, artistas, movimentos sociais e igrejas – todos reafirmando o compromisso de que estarão ao seu lado contra o golpe.

Os golpistas não passarão. A sociedade reage energicamente à tentativa de golpe com reações espontâneas que se reproduzem por todo o Brasil. Ao contrário do ódio pregado nas redes sociais pelos que apoiam o golpe, essas manifestações em favor da democracia vêm ocorrendo em paz – e com o apoio dos mais importantes e influentes artistas brasileiros.

Já disse a presidenta Dilma nesta semana e com muita propriedade: “O golpe não é contra mim, embora tentem construí-lo por meio do impeachment. O golpe é contra o projeto de Brasil que represento. Vivemos tempos estranhos e preocupantes. Tempos de golpe, de farsa e de traição”, disse ela, ao denunciar que os mandantes da tentativa de se aviltar a Constituição “utilizam a farsa do vazamento para difundir a ordem unida da conspiração”.

Ela ainda apontou os conspiradores. “Os golpistas têm chefe e vice chefe assumidos. Um é a mão, não tão invisível assim, que conduz com desvio de poder e abusos inimagináveis o processo de impeachment. O outro esfrega as mãos e ensaia a farsa do vazamento de um pretenso discurso de posse. Cai a máscara dos conspiradores. O Brasil e a democracia não merecem tamanha farsa”.

A democracia brasileira erguida a duras penas, depois de longo enfrentamento contra a ditadura, realmente não merece conviver com tamanha farsa. Não merece assistir que os mesmos atores que montaram a farsa para derrubar o ex-presidente João Goulart, agora, venham de novo golpear a democracia e os interesses da classe trabalhadora.

Ontem e hoje, unidos ao grande capital representado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o que pretendem não é apenas derrubar Dilma. É, sim, acabar com um projeto de valorização do trabalho nos últimos 12 anos, é acabar com as políticas de inclusão social que colocaram o Brasil em posição de destaque em foros supranacionais, como a ONU, é neutralizar o reconhecimento do estado à imensa população negra do País, é interromper a política de valorização do salário mínimo, é afogar os movimentos civis que defendem os direitos das minorias.

O partido político que reúne as empresas de mídia tem ao seu lado o PSDB, a quem pauta e dá as ordens de como agir e o que dizer. Ambos festejam, ao barulho da inconsequência dos golpistas que querem mudar a lei no grito. Os tucanos já estão pagando muito caro pelas companhias espúrias que escolheram para tentar tomar o poder. Queimaram a sua reputação no ano passado, ao apoiar a pauta-bomba com que Cunha tentou solapar o equilíbrio fiscal, e ateia-se fogo em praça pública agora com o apoio da ilegalidade do impeachment.

O retrocesso de seus principais aspirantes à Presidência da República é apenas um dos efeitos da aliança dos tucanos com a bandidagem de Eduardo Cunha. A perda de eleitores iniciada é o marco inicial de uma queda que pode não ter volta. Os homens honrados e patriotas do PSDB estão cientes desse desgaste. Além de sujar-se com Cunha, perderam eleitores para a extrema-direita de Jair Bolsonaro.

O PSDB é peça-chave nessa tentativa de inviabilizar o governo Dilma. A aposta no “quanto pior, melhor” satisfaz apenas uma ala do partido, aquela dos inconformados com a derrota nas eleições presidenciais de 2014. Há constrangimento e desconforto por estarem na órbita de Cunha. A história já começou a julgá-los.

De nossa parte, permaneceremos resistindo na trincheira. Não permitiremos a vitória do golpe que pretende demolir todos os avanços sociais alcançados nos últimos anos. Não engoliremos Eduardo Cunha na vice-presidência da República.

Estamos nas ruas e vamos continuar até este domingo em vigília para enfrentar os golpistas.

O povo na rua e os democratas dentro do Congresso vão deter a tentativa de golpe.

 

Não passarão!

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