Humberto Costa não foge das armadilhas da TV Globo que não gostou da indicação de Lula para o governoLiguem os cronômetros. O Jornal Nacional desta terça-feira (15) deve reservar um bom espaço para a notícia a ser confirmada a qualquer momento informando que o ex-presidente Lula é o novo ministro do governo da presidenta Dilma Rousseff. Até às 19h40, Lula estava reunido com Dilma no Palácio do Planalto e, no Senado, a imprensa tentava repercutir com os líderes petistas os fatos do dia. Entre esses assuntos, ganha prioridade a pauta imposta pela oposição de que irá, mais uma vez, recorrer à Justiça contra a nomeação de Lula por Dilma, tratando o assunto como um escândalo, algo proibido.
Mas Humberto Costa, líder do Governo no Senado, ao falar com os jornalistas que cumprem seu trabalho na cobertura política, muitas vezes apenas repetindo perguntas encomendadas pela direção de Redação, não deixou pergunta sem resposta. Nem mesmo do assunto mais comentado e evitado do dia: a delação do ex-senador do PT, Delcídio do Amaral.
Veja as perguntas repletas de outras intenções e as respostas do senador:
TV Globo – Senador, a oposição está falando que vai entrar com recurso, que vai protestar judicialmente a nomeação de Lula para o Ministério, que acha que é um terceiro mandato…
Humberto Costa – Na verdade, qualquer governo gostaria de ter o ex-presidente na sua composição, com sua representatividade social e sua capacidade e é isso que nós estamos incorporando ao governo. Esse posicionamento da oposição de que Lula estaria se blindando, se protegendo, é até desrespeitoso com o Supremo Tribunal Federal, porque o processo irá continuar, aliás, nem inquérito é, mas a investigação continuará sob a regência do Supremo Tribunal Federal, o mesmo que julgou o chamado Mensalão e recebeu aplausos de toda a oposição. Esse é um argumento absolutamente frágil.
TV Globo – Qual será o papel dele (Lula) no governo?
Humberto Costa – Eu acho que é de tentar ajudar a recomposição de nossa base política não somente a base parlamentar, mas a base social e nossos eleitores. Tentar trabalhar, juntamente com a presidenta, no sentido de fazermos ações emergenciais que possam ter um sentido de mudança. Eu acredito que com essa capacidade de articulação nós possamos nos fortalecer para enfrentarmos o impeachment. TV Globo – Agora, a presidente não perde força?
Humberto Costa – Eu acho que ela soma mais força. Ela é a chefe de Estado, é a chefe de governo, ela tem a responsabilidade pela ação de governar e terá a seu lado discutindo, conversando, sugerindo, trocando ideias com alguém que teve experiência positiva e exitosa em nosso País.
Repórter – Com a vinda de Lula para o governo a vida do líder do governo fica mais fácil no Congresso?
Humberto Costa – (Risos). Não. Acho que continua sendo difícil do mesmo jeito, mas acredito que, como ele vai se dedicar fundamentalmente a um trabalho de articulação política, pelo menos é o que está sendo cogitado, sem dúvida nós vamos ter que conversar muito mais, organizar mais reuniões, procurar entendimentos com determinados segmentos e parlamentares.
Repórter – Ele vem mesmo?
Humberto Costa – Pelo sentimento do partido, pelo sentimento dos parlamentares, é uma boa alternativa.
TV Record – A oposição já está pensando em convidar o ministro Aloizio Mercadante (Educação) para vir aqui dar explicações…
Humberto Costa – Acho que o ministro respondeu bem na entrevista coletiva que ele deu. Entendi claramente que ele não fez qualquer movimento para obstruir o trabalho da Justiça. Ele estava discutindo uma tese que o Senado poderia abarcar ou não, e ficou absolutamente claro que não houve nenhuma oferta dinheiro ou qualquer tipo de ajuda que não fosse algo republicano. Politicamente, um fato como esse ele não é positivo, mas ele (Mercadante) foi muito bem nas suas explicações e suas respostas.
TV Record – Ele deve vir aqui (no Senado) dar explicações?
Humberto Costa – O Congresso Nacional tem total autonomia para convidar ou convocar ministros. O governo jamais se negou mesmo quando há uma obrigatoriedade que o ministro venha, de mandar seus ministros aqui. Acho que o ministro Mercadante assim que surgiu essa matéria, de imediato convocou a imprensa, o que parece ser uma manifestação de confiança de que ele está dizendo seja verdadeiro. Acho que não haverá problema ele vir aqui.
Globonews – Os opositores falaram em demissão (de Mercadante).
Humberto Costa – Isso é uma avaliação que a presidenta da República deve ter. A oposição quer mandar no Congresso Nacional, quer mandar até no Poder Executivo. É a presidenta quem vai avaliar se o fato ocorrido justifica ou não a saída do ministro. No meu ponto de vista não justifica, a não ser que algum fato novo venha a surgir.
Globonews – Usando uma expressão popular sobre a delação do senador Delcídio (do Amaral), quanto mais lenha mais fogueira…
Humberto Costa – Veja, essa delação, nas partes que eu acredito que teriam mais lenha, elas já eram públicas e todos viram que continuam a ser, como em muitos casos, uma história de ouvi dizer, ouvi falar, sem que haja ao mesmo tempo provas. Creio que se ele tiver as provas irá apresentá-las e cumprirá a ele fazer isso.
Repórter – No projeto das estatais, o que o governo vai fazer para costurar um acordo?
Humberto Costa – Nós costuramos um bom acordo. Já avançamos aí em mais de 90% do conteúdo acordado. Devemos ter três ou quatro votações de destaques em pontos em que não há nenhuma possibilidade de concordância. Mesmo assim, terá sido um esforço muito positivo.
TV Senado – Quais são esses pontos?
Humberto Costa – Dizem respeito à composição dos conselhos administrativos, das diretoriais executivas; diz respeito aos requisitos para que se possa fazer parte da diretoria executiva ou até mesmo de um conselho administrativo; diz respeito à proibição ou não de emissão de ações preferenciais. São pontos, alguns até muito técnicos, que nós vamos tentar chegar a um consenso.
TV Senado – Dá para votar hoje?
Humberto Costa – Sim, vamos votar hoje
Marcello Antunes
