Infraestrutura

Em Itaboraí (RJ), Lula inaugura o maior centro de processamento de gás da Petrobras

Complexo de Energias Boaventura é capaz de processar, por dia, 21 milhões de m³ de gás natural, vindos diretamente do pré-sal da Bacia de Santos, por meio do gasoduto Rota 3. “Esse país precisa gostar de ser grande”, enfatizou Lula

Ricardo Stuckert

Em Itaboraí (RJ), Lula inaugura o maior centro de processamento de gás da Petrobras

Lula, com os funcionários da Petrobras: "Nós somos um país grande, e esse país precisa gostar de ser grande"

Em visita ao município de Itaboraí, no Rio de Janeiro, o presidente Lula inaugurou, nesta sexta-feira (13/9), o Complexo de Energias Boaventura, o maior centro de processamento de gás natural da Petrobras. Na chegada à cerimônia, ao lado de correligionários e paramentado com o colete refletivo laranja, Lula foi ovacionado pelos funcionários da estatal. O nome polo industrial energético é uma homenagem ao Convento São Boaventura de Macacu, cujas ruínas do século XVII foram preservadas pela Petrobras.

O Complexo de Energias Boaventura é capaz de processar, por dia, 21 milhões de m³ de gás natural, vindos diretamente do pré-sal da Bacia de Santos, por meio do gasoduto Rota 3. Nos próximos anos, a Petrobras prevê ainda a instalação de unidades de produção de lubrificantes, diesel e combustível de aviação, além de duas termelétricas. Com essa iniciativa, o governo federal pretende ampliar a oferta de gás no mercado nacional e reduzir a dependência das importações, melhorando as condições de vida do conjunto da população.

Em discurso forte, Lula defendeu a soberania nacional, criticou a venda de ativos da Petrobras por seus antecessores e rechaçou o Brasil enquanto um “mero importador de tudo”. “Porque, na verdade, nas compras governamentais, é a possibilidade que o Estado tem de favorecer pequenas e médias empresas brasileiras a produzirem aqui no Brasil, com tecnologia brasileira, com mão de obra brasileira, com salário brasileiro, com aço brasileiro, para que a gente possa, então, fazer com que esse país cresça, se desenvolva”, afirmou.

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“Nós somos um país grande, muito grande. E esse país precisa gostar de ser grande, gostar de ser respeitado”, enfatizou o presidente, sob os aplausos dos funcionários da Petrobras.

Soberania nacional

O presidente criticou, com veemência, a propaganda massiva por parte da imprensa comercial, sempre enaltecendo o setor privado e mirando fogo no público, tachando este último de corrupto e ineficiente. Lula fez menção à Operação Lava Jato, que, para ele, foi um instrumento da burguesia brasileira para estigmatizar a Petrobras junto à opinião pública e entregá-la à iniciativa privada. O petista argumentou que a privatização de companhias importantes não melhorou em nada a vida da população.

“A Vale, ela está melhor agora que foi privatizada ou ela era melhor quando ela era uma empresa do Estado brasileiro? A Eletrobras está melhor agora ou estava melhor quando estava na mão do Estado? Se não fosse a Eletrobras, a gente não fazia Santo Antônio, não fazia Jirau, não fazia Belo Monte”, pontuou, antes de reclamar dos salários astronômicos dos CEOs dessas empresas atualmente, sem, no entanto, nenhum retorno para o país por parte delas.

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“A Petrobras não está à venda”

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), ressaltou a estratégica mudança nos rumos do país proporcionada pelo retorno de Lula à Presidência da República e foi muito aplaudido por isso. “A Petrobras, sob a liderança do presidente Lula, não está mais à venda”, bradou Silveira.

“O governo do presidente Lula reverbera o grito atravessado na garganta de petroleiras e petroleiros, das petroquímicas e petroquímicos. E esse grito diz, de forma clara e altiva: ‘defender a Petrobras é defender o Brasil’”, completou o ministro.

Já a presidenta da Petrobras, Magda Chambriard, referiu-se ao Complexo de Energias Boaventura como “grandioso”. “Isso aqui é muito mais do que uma unidade de processamento de gás natural, muito mais do que 21 milhões de m³, por dia, de gás para a costa. Isso aqui é um investimento total de R$ 20 bilhões”, contabilizou Chambriard.

Patrimônio cultural

Dentro do Complexo de Energias Boaventura, o sítio arqueológico da Fazenda Macacu é o lar do Convento São Boaventura e da Torre da Igreja Matriz de Santo Antônio de Sá, patrimônio histórico nacional tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 28 de abril de 1980. As ruínas históricas, resquícios de construção iniciada em 1660 e concluída 10 anos depois, foram conservadas pela Petrobras.

“É um patrimônio histórico de grande relevância para o país, para o estado e para o município de Itaboraí”, explica o engenheiro civil da estatal petrolífera Antônio Carlos, que tem mais de 20 anos de experiência na preservação de patrimônios históricos.

O Convento de São Boaventura foi erguido para abrigar padres franciscanos na extinta Vila de Santo Antônio de Sá. Com o surto de malária e cólera que assolou Macacu, no século XIX, o convento foi abandonado. As ruínas passaram a ser propriedade privada 100 anos depois.

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