Sacudida pelo farto noticiário policial que desde sexta-feira (18/8) aproxima o ex-presidente Jair Bolsonaro cada vez mais do escândalo das joias e do terror de 8 de janeiro, a CPMI do Golpe se prepara para mais uma semana com previsão de polêmica.
Na terça (22/8), o dia será dedicado à votação de requerimentos. A pauta ainda não foi divulgada, mas há uma série de sugestões de convocação para depoimentos e de quebra de sigilos bancário e telemático.
Podem ser convocados e ter seus sigilos quebrados alguns dos personagens que ganharam destaque nos últimos dias, após o depoimento destruidor do hacker Walter Delgatti Neto e da anunciada confissão do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
São eles o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid; o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef, que confessou participação na operação de resgate de relógios de alto valor desviados da União e vendidos nos Estados Unidos; o segundo-tenente Osmar Crivelatti, também envolvido no desvio, venda e resgate de presentes milionários; e Gabriela Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid.
Uma nova convocação de Mauro Cid também está na mesa da comissão. Depois de se manter calado em seu depoimento, o ex-faz-tudo do ex-presidente já confirmou, por meio de seu advogado, que pretende confessar ter participado do escândalo das joias a mando de Bolsonaro, que seria o beneficiário final do dinheiro ilícito obtido com a venda das peças preciosas desviadas.
A CPMI poderá analisar também requerimento do senador Rogério Carvalho (PT-SE) que pede ao STF a retenção do passaporte do casal Jair e Michelle Bolsonaro, a fim de evitar uma eventual fuga para o exterior, uma possibilidade reforçada pelas recentes denúncias, cada vez mais comprometedoras contra ambos.
Sargento Reis
Na sessão de quinta-feira (24/8), a CPMI do Golpe ouve o sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, um dos assessores diretos de Mauro Cid no Palácio do Planalto.
Um dos pedidos para essa convocação é do líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), que destaca a participação do sargento na elaboração e no compartilhamento de “documentos que comprovariam a tentativa de golpe de estado”.
Luis Reis foi preso em maio pela Polícia Federal, junto com o ex-chefe, por participação na fraude dos cartões de vacinação de Bolsonaro e família.
Dessa investigação surgiram evidências de participação do sargento nos atos terroristas de 8 de janeiro e indícios de outras atividades criminosas: apesar do salário de R$ 13,3 mil, o sargento movimentou R$ 3,34 milhões em sua conta corrente entre fevereiro de 2022 e maio de 2023, de acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que considera a movimentação “indício de lavagem de dinheiro”.
O militar também participou dos ataques terroristas de 8 de janeiro, tendo tirado fotos na cúpula do Congresso, e foi apontado como autor dos saques em dinheiro para pagar faturas do cartão de crédito usado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.