O senador do PT de Pernambuco, Humberto Costa, vem a público explicitar a sua posição contrária à participação do partido na futura gestão de Geraldo Júlio à frente da Prefeitura do Recife e apoiar uma posição de independência da bancada de vereadores do PT na Câmara Municipal, defendendo o que considerar positivo e questionando o que não for de interesse da cidade.
A posição de Humberto não é de veto ao governo de Geraldo Júlio e muito menos o de alinhamento com a direita. Pelo contrário, o PT pode e deve ajudar no quer for preciso a cidade e a gestão. Assim como em outros momentos o PSB adotou postura semelhante para com o PT – como no segundo governo João Paulo, em que os socialistas deixaram a gestão petista, mas apoiaram os projetos importantes.
Não é só participando com cargos que se colabora com o governo e com o povo do Recife. O próprio Humberto já se comprometeu a elaborar emendas parlamentares para a capital e em defender os interesses da cidade e de todo o Estado no Congresso Nacional.
Humberto lembra que Geraldo Júlio venceu no Recife com um discurso de oposição, questionando pontos estruturais do projeto de 12 anos da gestão do PT no Recife, derrotando não apenas o candidato, mas o próprio partido.
O senador ainda destaca que vários pontos do programa de governo do PSB na capital são divergentes das posições políticas do PT em áreas como: participação popular, saúde, saneamento básico, educação, entre outros. Vale registrar ainda que o partido não fez nenhuma discussão programática sobre a sua adesão ao projeto do novo prefeito.
O debate político sobre a participação do PT no governo de Geraldo Júlio difere em tudo da posição do partido no Estado. Ao contrário do que aconteceu nas eleições deste ano – em que o PT foi excluído da Frente Popular do Recife -, o partido foi parte integrante do grupo que ajudou na vitória do governador Eduardo Campos, tanto na sua primeira eleição, como no seu segundo mandato, onde também ajudou a eleger dois senadores, sendo um deles do próprio PT.
O alinhamento vertical e automático, portanto, não é um argumento político válido. Se fosse, o PSB teria dado apoio ao PT nas eleições deste ano, já que a legenda comandava o Recife e contribuía para o bom equilíbrio entre as foças políticas no Estado.
O apoio puro e simples ao governo Geraldo Júlio significaria fechar os olhos para esta realidade e representaria uma postura de capitulação política. Com esta atitude, o PT pode deixar de se ser uma alternativa de poder no Recife, negando a sua história e a sua missão.
Humberto Costa
Primeiro senador do PT de Pernambuco