O governo Bolsonaro decidiu prorrogar o auxílio emergencial por mais três meses. Mas o benefício, além de ser menor (entre R$ 150 e R$ 375), está deixando cada vez mais pessoas de fora. Reportagem da Folha de S. Paulo informa que nada menos do que 2 milhões de brasileiros saíram da cobertura do programa. O pagamento, que era feito a 39,1 milhões de pessoas, em abril, caiu para 37,1 milhões de beneficiários, em junho.
Segundo o jornal, há registros de pessoas que estão sem receber tanto o auxílio emergencial e quanto o Bolsa Família, cerca de 400 mil brasileiros. O Ministério da Cidadania afirmou que a redução geral se deve a um ajuste dos dados referentes ao critério que define quem pode participar do programa. A pasta informou que a Controladoria-Geral da União (GCU) recomendou bloqueio de pagamentos a quem não se encaixa nos critérios.
Segundo o jornal, mais da metade dos excluídos, cerca de 1 milhão de pessoas, contestaram a retirada do programa mas apenas 130 mil foram reincorporados ao benefício.
“Há uma lista de requisitos que o beneficiário precisa preencher. Mas, quando o pedido é negado, não fica claro qual foi o motivo para que a pessoa possa contestar”, explicou ao jornal o jornalista Leonardo Caprara que integra o canal Consulta Pública, dedicado a auxiliar pessoas a participarem do programa. “E, sobre as contestações, não há informações sobre o acompanhamento do processo nem se essas pessoas vão receber resposta”, declarou Caprara.
Fome atinge 7,5 milhões
Os resultados do massacre social promovido por Bolsonaro e pelo ministro da Economia Paulo Guedes aprofundaram o quadro de insegurança alimentar de milhões de famílias. Segundo dados de um relatório da Organização Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), elaborado em conjunto com outras agências da ONU, a fome praticamente dobrou nos últimos dois anos.
Entre 2018 e 2020, o número de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave chegou a 7,5 milhões. Entre 2014 e 2016, o grupo de pessoas que passam um dia inteiro sem acesso a alimentos era de 3,9 milhões.
“Infelizmente, a pandemia continua a expor fraquezas em nossos sistemas alimentares, que ameaçam a vida e a subsistência de pessoas ao redor do mundo”, aponta o relatório, que analisa anualmente o quadro de insegurança alimentar.
Em 2020, a FAO já havia detectado que o Brasil voltou ao Mapa da Fome das Nações Unidas. O país havia deixado de integrar o quadro da ONU em 2014, graças às ações contínuas de programas sociais dos governos Lula e Dilma, como o Bolsa Família. Segundo a ONU, o governo Bolsonaro foi o único da América do Sul que não forneceu dados sobre desnutrição relativos ao ano de 2020.