Suplicy lembrou a convivência com a amiga, conquistada ainda na década de 70, quando sua ex-mulher, a ministra e senadora Marta Suplicy (PT-SP) também começou a militar em defesa das causas feminina e feminista. “As mulheres brasileiras estão órfãs. Perderam Rose Marie Muraro, a grande amiga, pioneira e uma das mais influentes vozes do Movimento Feminista no Brasil”, lamentou, corrigindo-se, em seguida: Em verdade, todos estamos órfãos, inclusive os homens, pois Rose Marie nos ajudou a compreender e respeitar muito mais as mulheres em todos os aspectos da vida cotidiana”, disse.
“Ela deixa as mulheres em condição de tristeza, porque perderam uma grande amiga e uma das principais vozes do feminismo”, disse. Quanto aos homens, o senador disse que a perda também é enorme: “Ela nos ensinou a respeitar muito mais as mulheres”, disse.
O senador lembrou a trajetória ímpar da escritora que, oriunda de uma das mais ricas famílias do Brasil nos anos de 1930 e 40, aos 15 anos, com a morte repentina do pai e consequentes lutas pela herança, rejeitou sua origem e dedicou o resto da vida à construção de um novo mundo, que ela descreveu como mais justo, mais livre.
Nesse mesmo ano, conheceu o então padre Helder Câmara e se tornou membro de sua equipe. Os movimentos sociais criados por ele nos anos 40 tomaram o Brasil inteiro na década seguinte.
A Editora Vozes foi um capítulo à parte na vida de Rose. Lá, trabalhou com Leonardo Boff durante dezessete anos e das mãos de ambos nasceram os dois movimentos sociais mais importantes do Brasil, no século 20: o movimento de emancipação das mulheres e a Teologia da Libertação
Nos últimos três anos, Rose Marie Muraro foi colaboradora do senador Eduardo Suplicy, auxiliando-o em pronunciamentos sobre mulheres, violência, e economia solidária.
Suplicy também acrescentou que Rose Marie Muraro escreveu 35 livros e foi diretora da Editora Rosa dos Ventos, especializada em obras relacionadas à questão de gênero.
Giselle Chassot