Embrapa desenvolve semente mais resistente à seca

Pesquisadores encontram gene mais resistente a longos períodos de estiagem. Planta resiste a até 40 dias sem água.

Os agricultores do Semiárido Nordestino castigados com a perda 80% da produção, graças à pior seca da história, receberam um alento nesta segunda-feira (20/08). Enquanto os produtores contabilizam os prejuízos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou que, em cinco anos, a agricultura brasileira pode ganhar um aliado para superar problemas climáticos: um gene do café resistente à seca. Os testes feitos em plantas de laboratório agora estão sendo estudados em culturas comerciais, como cana-de-açúcar, soja, milho, arroz e trigo.

Segundo os pesquisadores, o gene sozinho confere tolerância bastante longa em período de estiagem. Durante a pesquisa, verificou-se que enquanto uma planta modificada conseguiu resistir até 40 dias sem água, as que não receberam o gene morreram em 15 dias.

Outra boa notícia é que, além da expectativa de aumento ou manutenção dos níveis de produção, os pesquisadores acreditam que será possível reduzir custos e os impactos ambientais provocados pela atividade. Atualmente, a agricultura é apontada como responsável por 70% do consumo de água doce no mundo, em função, principalmente, das culturas irrigadas. “Uma série de culturas mantém produtividade à base de muita irrigação. Os custos disso são embutidos no produto final. Com menos necessidade de água, os custos vão diminuir também”, explicou o pesquisador Eduardo Romano.

O resultado da experiência no campo deve ser apresentado no final do ano que vem, segundo Romano. “A gente acredita que vai funcionar porque a transgenia é capaz de expressar corretamente as características [testadas em laboratório] nas outras espécies e com isso será possível manter produtividade durante o período de estiagem, quando diminui a produção no campo”, disse ele.

O projeto começou a ser desenvolvido em 2007, quando 100 pesquisadores começaram a isolar os 30 mil genes do café, identificando as características de cada um deles. De acordo com Romano, a análise do gene resistente à seca estava voltada, inicialmente, para as regiões que mais sofrem com a estiagem no País.

Com informações da Agência Senado

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