Algo que vem se tornando corriqueiro nas reuniões da CPI da Previdência, no Senado, é a convocação das maiores empresas devedoras do INSS. Igualmente comum vem sendo a justificativa de que os débitos ainda estão sendo analisadas pela Justiça. Mas a audiência do colegiado desta segunda-feira (3) teve uma novidade: finalmente uma empresa reconheceu a dívida.
“A gente está inadimplente, realmente. Viemos afetados por essa crise econômica”, afirmou o representante da empresa Megafort Distribuidor Importação e Exportação, Gerlado Roberto Gomes. Nesta segunda, foram convidados os representantes dos maiores estabelecimentos devedores do comércio.
Geraldo Roberto Gomes, no entanto, justificou o débito devido à concorrência de seguimentos como o ‘atacarejo’ (forma de comércio que reúne características tanto de comercialização no atacado quanto no varejo), a expansão das grandes redes pelo interior do País e ao crescimento da informalidade no setor. Ele afirmou ainda que a Megafort está reorganizando as finanças para “colocar a casa em ordem”.
Estiveram presentes na audiência os representantes da Companhia Brasileira de Distribuição – que controla grandes marcas do comércio como os supermercados Extra e Pão de Açúcar – e das Lojas Americanas. Ambos não reconheceram dívidas com a União, mas casos ainda em análise pela Justiça brasileira e com recursos para pagamento devidamente garantidos.
Ex-ministro da Previdência, o senador José Pimentel (PT-CE) criticou a metodologia utilizada por grandes empresas para atrasar o pagamento das dívidas com o INSS. “As empresas que conseguem fazer planejamentos tributários levam, em média, 20 anos para pagar. Enquanto outras que não têm capacidade de fazer isso precisam pagar todos os meses as suas contribuições”, disse.
A CPI da Previdência já escutou os maiores inadimplentes dos setores da educação, frigoríficos, bancos, indústria e mineração. O objetivo do colegiado é investigar a contabilidade da Previdência Social e esclarecer com precisão as receitas e despesas do sistema, incluindo os desvios de recursos.