Brasil poderá se transformar em exportador de tecnologia de processamento de resíduos sólidos
Brasil poderá se transformar em exportador de tecnologia |
Além de um imperativo importante para a subsistência do planeta, a reciclagem tornou-se uma grande janela de negócios. O jornal Valor Econômico desta segunda-feira (8) mostra que é crescente o número de empresas interessadas em investir no setor: “Companhias anunciam US$ 2,8 bi para lixo no país”.
O jornal teve acesso ao estudo da Associação Internacional dos Resíduos Sólidos (ISWA, na sigla em inglês) que revela um investimento de ao menos US$ 100 bilhões em resíduos sólidos no mundo. Segundo o levantamento, a União Europeia é a região com mais investimento anunciado no ano, US$ 32,8 bilhões. Os Estados Unidos vêm em segundo lugar, com US$ 19,1 bilhões, seguido por China, com US$ 8,4 bilhões. As empresas com maiores projetos na área são: China Everbright, Hitachi Zosen, Mitsubishi Heavy Industries, Takuma e Covanta.
O Brasil, com uma legislação relativamente recente, a Política Nacional de Resíduos Sólidos – aprovada em 2010, após duas décadas de discussão –, detém 2,8% dos investimentos mundiais, mas possui enorme potencial para atrair mais recursos. O especialista em resíduos sólidos David Newman, responsável por apresentar os dados do estudo da ISWA no Congresso Mundial de Resíduos, que inicia hoje em São Paulo, acredita o País de se tornar referência no desenvolvimento de tecnologia de reciclagem. “O Brasil pode se desenvolver na área e se tornar até mesmo um exportador de tecnologias para outros países”, disse.
Na opinião de Newman, grandes empresas de infraestrutura e construção podem liderar os investimentos no Brasil. Segundo ele, há um “acelerado movimento de consolidação da indústria de resíduos sólidos” no mundo, em consequência da necessidade de escala para os projetos. Atualmente, são descartadas 4 bilhões de toneladas de lixo em todo o mundo anualmente e apenas 20% do total dos resíduos vai para a reciclagem.
Especificamente no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a geração de resíduos sólidos urbanos cresceu 4,1% de 2012 para 2013. Ou seja, alcançamos a marca de 209,2 mil toneladas/dia. Segundo Newman, são investidos de € 30 a € 50 por pessoa, ao ano, no tratamento de lixo no país – cinco vezes menos do que os € 200 dos países desenvolvidos. Por isso, defende que a saída para o Brasil evoluir no setor são os investimentos privados.
“Precisamos de mais empresas privadas e menos públicas. Os recursos privados são muito importantes para que o país tenha a gestão dos resíduos sólidos sob controle. A produção de lixo está crescendo rapidamente com a melhora da riqueza da população e o aumento do consumo”, afirmou o especialista.
Com informações do jornal Valor Econômico