Relatório divulgado pelo Banco Mundial, nesta semana, indica cenário preocupante: há cinco anos, a redução da pobreza global permanece praticamente estagnada, muito por conta do endividamento dos 26 países mais pobres, cujas condições financeiras são as piores desde 2006, mas também devido a conflitos armados e à pandemia. Atualmente, cerca de 692 milhões de pessoas vivem em situação de extrema pobreza, o equivalente a 8,5% da população mundial. A maioria delas está na África Subsaariana.
Intitulado “Pobreza, Prosperidade e Planeta”, o documento afirma que o ritmo lento da redução da pobreza global afasta o mundo da consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que preveem a erradicação da fome e da miséria até 2030. O Banco Mundial lamenta que, desse jeito, a meta não será atingida nem em três décadas. O Brasil, no entanto, tem feito seu trabalho: em 2023, o governo Lula conseguiu arrefecer em 40% a extrema pobreza no país.
A fragilidade financeira e institucional das nações mais pobres do mundo reforça a tese defendida pelo presidente Lula de que é necessário reformar a governança global, de maneira a permitir a renegociação das dívidas. Nos discursos, o petista vem repetindo que os mais ricos precisam arcar com a conta do aquecimento global, já que são os maiores poluidores do mundo. De acordo com o Banco Mundial, uma redução futura da pobreza requer crescimento econômico menos intensivo em emissões de carbono.
O relatório observa ainda que os países desenvolvidos progrediram nas medidas de descarbonização do planeta, enquanto que os mais pobres figuram muito atrás. No contexto do aquecimento global, são exatamente estes últimos os mais penalizados pelas tragédias climáticas, como tem alertado Lula.
Retrocesso
“Após décadas de progresso, o mundo está enfrentando sérios retrocessos na luta contra a pobreza global, resultado de desafios interligados que incluem crescimento econômico lento, pandemia, dívida alta, conflito e fragilidade, e choques climáticos”, disse Axel van Trotsenburg, diretor-geral sênior do Banco Mundial.
O estudo considera extrema pobreza uma pessoa que disponha de rendimento diário de menos de US$ 2,15. Até o fim desta década, estima-se que 7,3% da população mundial estará vivendo nessas mesmas condições, mais que o dobro das projeções da instituição financeira internacional, em torno de 3%.
Não deixa de ser uma triste ironia que o relatório do Banco Mundial reverbere com tanta força no Dia Mundial da Alimentação, data celebrada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e que divulga, todos os anos, mensagens de apoio à segurança alimentar em todo o mundo.
“Quando voltamos, em 2023, mais de 33 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar. Já retiramos 24 milhões de pessoas dessa condição em menos de dois anos. E vamos tirar o Brasil do Mapa da Fome novamente”, assegurou Lula, nesta quarta-feira (16/10), por meio da rede social Bluesky.
“Em 2014, a FAO anunciou que o Brasil havia saído do Mapa da Fome. Foram necessários anos para tirar o país dessa situação, e apenas poucos meses para destruir tudo, no governo anterior”, lembrou, referindo-se à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), período em que se chegou a ver pessoas fazendo fila por ossos.
Brasil no G20
Em 2024, o Brasil ocupa a presidência rotativa do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo. Ciente da luta contra a extrema pobreza e em favor dos ODS, o governo federal tem pautado a agenda do bloco segundo três temas fundamentais: o combate à fome, à pobreza e às desigualdades; sustentabilidade, mudanças climáticas e transição justa; e reforma da governança global.
A 19ª Cúpula do G20 está prevista para 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. Além do Brasil, participam do bloco: África do Sul, Argentina, Canadá, Estados Unidos, México, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia, Alemanha, França, Itália, Rússia, Reino Unido, Austrália e União Europeia (UE).