O juiz federal Alderico Rocha Santos, de Goiânia, é o novo responsável pelo processo originado das investigações sobre o contraventor Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira – preso em fevereiro sob acusação de exploração de jogos ilegais e corrupção. Rocha Santos foi designado nessa terça-feira (19/06) pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador Mário César Ribeiro. O novo juiz terá que ler os 53 volumes do processo antes de tomar qualquer decisão.
Titular da 5.ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, especializada na área criminal, Rocha Santos é o terceiro juiz chamado para o caso.O juiz Paulo Augusto Moreira Lima, responsável pela Operação Monte Carlo e que determinou a prisão de Cachoeira no fim de fevereiro, pediu para deixar o processo após relatar ter sofrido ameaças. O substituto, Leão Aparecido Alves, não assumiu por razões de “foro íntimo”, por manter relação próxima com um dos denunciados.
O processo é baseado em denúncia do Ministério Público contra 80 pessoas acusadas de participar do grupo. Os crimes de formação de quadrilha, corrupção, violação de sigilo funcional e advocacia administrativa (usar cargo para interesses privados) são mencionados no processo.
Ameaça velada
Paulo Augusto Moreira Lima foi afastado após relatar, em ofício, que havia solicitado, em fevereiro, carro blindado mesmo em horário fora do expediente e viagem de três meses para o exterior a partir de setembro. A justificativa foram ameaças sofridas por ele e familiares.
Ele relatou que, depois de deflagrada a Operação Monte Carlo, familiares foram procurados “em sua própria residência, por policias que gostariam de conversar a respeito do processo atinente à Operação (…) em nítida ameaça velada, visto que sabem quem são meus familiares e onde moram”.
A Operação Monte Carlo, comandada pela Polícia Federal, investigou relações entre agentes públicos e quadrilha que atua na exploração do jogo ilegal
Moreira Lima também diz que delegados da PF alertaram que ele corre maiores riscos no segundo semestre, “quando poderá ocorrer alguma represália pela atuação no processo”. Para o magistrado, aumenta o nível de periculosidade da quadrilha o fato de que “há crimes de homicídio provavelmente praticados a mando por réus do processo da Operação Monte Carlo”.
Escolhido para suceder Moreira Lima, o juiz Leão Aparecido Alves recusou o caso por ser amigo de José Olímpio Queiroga Neto, suspeito de comandar esquema de jogos ilegais sob o comando de Cachoeira.
Nesta quarta-feira (20/06), a corregedora-geral de Justiça, Eliana Calmon quer ouvir o juiz Moreira Lima. O objetivo da reunião é conhecer as circunstâncias do afastamento do magistrado. Também participarão do encontro o juiz Leão Aparecido Alves, o corregedor-geral do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), Carlos Olavo e o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Oliveira Toldo.
Ao comentar o caso, Eliana Calmon mostrou insatisfação com o simples afastamento do magistrado, sem que a corregedoria tomasse outras medidas para apurar responsabilidades e proteger o juiz. “Nós não podemos ter juízes covardes, nós não podemos ter juízes ameaçados, não podemos aceitar que ameaças veladas, físicas ou morais, possam impedir que a nossa magistratura desempenhe suas funções”, afirmou a corregedora.
Com informações das agências online
Leia mais: