Durante debate na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado, nesta terça-feira (19), que discutiu a privatização do setor elétrico e suas consequências para o desenvolvimento regional, representantes do setor elétrico nacional se declaram contrários à decisão do governo federal de privatizar a empresa.
Durante o governo do presidente Lula, a Eletrobras apresentou lucro em todos os anos – cerca de R$ 2 bilhões por ano, em média. Em 2016, a empresa apresentou lucro de R$ 3.4 bilhões e, este ano, já registrou lucro de R$ 1.7 bilhão.
Para a presidente da Comissão, senadora Fátima Bezerra, a privatização da empresa vai fazer com que o país perca o controle sobre o setor energético, que ficará em mãos da iniciativa privada, inclusive estrangeira. A parlamentar lembra também que privatização da empresa colocará em risco a segurança hídrica de grande parte da população. “Não podemos aceitar que um setor que exerce tanto impacto no desenvolvimento econômico, social e tecnológico no Brasil seja destruído, para cobrir déficits de caixa do governo. Querem vender a Eletrobras a preço de banana para o capital estrangeiro”, enfatizou Fatima, que lamentou a ausência de representantes do governo no debate.
Luiz Pinguelli Rosa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-presidente da Eletrobras, destacou que a empresa tem papel estratégico nos rumos da eletricidade do país. “Eletricidade é uma coisa séria, além de ser um componente essencial para o desenvolvimento de uma nação. Ela atende as famílias, ela atende os hospitais“, disse. “A privatização causará um efeito negativo e aumentará as tarifas. De forma alguma, podemos esperar que as tarifas serão barateadas com a privatização”, garantiu.
Soberania Nacional
O diretor-presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), Jean-Paul Prates, salientou a importância da empresa para a segurança nacional do país e para o desenvolvimento nacional. “A Eletrobras é muito especial. Não estamos falando de uma geradora, ou de um complexo de geradoras, ou de uma quantidade de linhas. Estamos falando do sistema elétrico brasileiro, do principal operador, implantador e mantenedor de energia do sistema elétrico nacional”.
A audiência pública da CDR contou também com a presença da secretária de Energia da Confederação Nacional dos Urbanitários, Fabíola Latino Antezana, e do conselheiro de Administração da Cemig, Nelson José Hubner Moreira.