O diretor de Inteligência da Polícia Federal, José Alberto de Freitas Iegas, afirmou, nesta terça-feira (15), que uma das prioridades do inquérito da PF sobre a espionagem norte-americana no Brasil é ouvir o Edward Snowden, ex-agente da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), que denunciou o esquema.
A declaração foi dada durante sessão da CPI da Espionagem, que ouviu também o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Batista Rezende.
A Comissão Parlamentar de Inquérito encarregada de investigar as ações de espionagem de solo brasileiro também negocia com a embaixada da Rússia no Brasil a possibilidade de realização de contato das autoridades brasileiras com Snowden, que se encontra asilado naquele país. Há a possibilidade da realização de uma teleconferência conjunta.
Para chegar à fonte direta das denúncias, já que as informações foram reveladas pelo jornalista Glenn Greenwald e pelo companheiro dele, o brasileiro David Miranda, Iegas disse que a PF vai recorrer a vias diplomáticas, para ter acesso a Snowden. “Vamos tentar chegar ao Snowden por meio de acordos e tratados internacionais, com a ajuda dos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores”, disse.
Segundo Iegas, caso não seja possível ter contato com o ex-funcionário da NSA, o inquérito conduzido pela Polícia Federal poderá ser concluído sem o depoimento de Snowden, mas, para ele, o norte-americano “pode ter conhecimento de alguns detalhes que trariam novos elementos à investigação”.
Sem indícios
O presidente da Anatel afirmou, aos senadores, que as fiscalizações feitas pelo órgão regulador não encontraram indícios de que as empresas de telecomunicações que atuam no País teriam colaborado com as ações de espionagem. “As informações que coletamos na fiscalização demonstram que não há qualquer documento, nenhum tipo de indício que leve a gente a concluir que há colaboração ou envio de informações propositadamente para organismos de espionagem”, afirmou. “O inquérito da Polícia Federal pode aprofundar isso. Mas, até o momento, não há nenhum indicativo de colaboração”, emendou.
Rezende disse que o governo brasileiro precisa investir mais em redes, tecnologia e softwares. Ele ainda defendeu a ideia de que um organismo do Governo passe a coordenar as ações para aumentar a segurança cibernética. Essa agência poderia se estruturar seguindo o exemplo da NSA, que agrupa todas as agencias de inteligência dos Estados Unidos. “Agora estamos começando a pensar nisso”, afirmou.
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