Passeatas, greves e marchas. A classe trabalhadora foi para as ruas manifestar contra a retirada de direitos e contra o golpe. Foto: Roberto ParizottiIgor Carvalho e Luiz Carvalho, companheiros da Central Única dos Trabalhadores (CUT), fizeram uma radiografia das paralisações realizadas nesta quinta-feira (22), data que marcou o Dia Nacional de Paralisação e Mobilização Rumo à Greve Geral e por Nenhum Direito a menos. Pelos resultados, ficou evidente: seja no campo, seja na cidade, os trabalhadores demonstraram que os golpistas não terão vida fácil para impor a Ponte para o Passado, jogando no lombo do trabalhador a conta para pagar e enriquecer as elites retrógradas que sonham em voltar a mandar e desmandar no Brasil.
Movimentos sociais e de trabalhadores de pelo menos 13 estados cruzaram os braços e organizaram atos públicos convocados pela CUT, demais centrais e organizações que compõem as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
A Paraíba fez bonito. Desde as primeiras horas do dia a mobilização pelas mãos calejadas de motoristas e cobradores. Eles promoveram piquetes e impediram a circulação de ônibus. Os trabalhadores da CBTU de João Pessoa, por sua vez, pararam os trens. Os comerciários, organizados pelo Sinecom-JP e Contracs, também aderiram, assim como os trabalhadores do Sindipetro-PE/PB, que fizeram assembleias nas bases.
No Paraná, todo o sistema Petrobrás parou, incluindo a Repar (Refinaria Presidente Vargas), em Araucária. Na capital Curitiba, trabalhadores dos Correios organizaram um ato em defesa da empresa. Pela ganância e estratégia do governo golpista, os Correios é uma estatal/autarquia que pode ser passada nos cobres e na bacia das almas para o capital especulativo.
No Rio Grande do Sul, uma grande marcha tomou as ruas de Porto Alegre. A truculência da polícia aconteceu na Carris, a empresa municipal de transporte coletivo de Porto Alegre. Mesmo assim, os trabalhadores não diminuíram a mobilização.
Em Goiás, a concentração dos trabalhadores foi na Alego (Assembleia Legislativa de Goiás). Os servidores estaduais da saúde pública estão no terceiro dia de greve. Cerca de dois trabalhadores denunciaram o desmonte da rede de seguridade social promovido pelo governo golpista e parte do Congresso.
No Espírito Santo, os metalúrgicos trancaram a rodovia às quatro da manhã para denunciar o golpe, enquanto em Minas Gerais, professores estaduais, metroviários e bancários realizaram uma assembleia na Praça da Estação. Eletricitários, metalúrgicos e trabalhadores dos Correios em BH seguiram em da porta da Cemig em caminhada até a Praça Sete. Alunos realizaram uma assembleia e paralisaram a UFMG. Professores municipais fizeram assembleia na Praça Afonso Arinos. Em Contagem, os metalúrgicos também fecharam uma via local às 4 da manhã.
No Pará, a capital Belém teve passeata até a Praça da República. Um ato aconteceu em frente à TV Liberal, afiliada à Globo, para denunciar a participação e associação da mídia no golpe.
Em Brasília, a manifestação começou cedo com panfletagem dos comerciários e bancários na W3 Sul, uma avenida que tem esse nome. Várias categorias realizaram atos, assembleias e paralisações ao longo do dia. Na capital do Amapá, Macapá, as centrais sindicais e os movimentos sociais realizaram um ato público na região central.
Em Florianópolis, capital de Santa Catarina, os trabalhadores do setor de transporte paralisaram por duas horas suas atividades. No Rio Grande do Norte, estudantes fecharam a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e trancaram os acessos à rodovia local.
No Recife, capital de Pernambuco, trabalhadores fecharam as avenidas Sul e Imperial. Um ato contra os retrocessos que podem atingir a classe trabalhadora aconteceu na frente da federação das indústrias do estado, a Fiesp pernambucana.
No Piauí, a paralisação ocorreu na Praça da Bandeira. Já em Fortaleza, capital do Ceará, desde oito horas da manhã manifestantes de diversos sindicatos e centrais sindicais realizaram ato em uma das principais avenidas do centro, a Duque de Caxias. Em frente ao Banco do Brasil, o movimento fez um ato para fortalecer a greve dos bancários.
Ainda no Ceará, merece registro a participação de jornalistas no Dia Nacional de Paralisação e Mobilização contra as medidas do governo federal, que atacam a classe trabalhadora com a flexibilização da CLT; com a reforma da previdência e os projetos de lei em discussão no Congresso que congelam o gasto público em saúde e educação, sem contar a pauta das terceirizações. Enfim, contra o conjunto de maldades do governo golpista.
Os dirigentes do Sindjorce, que representam os jornalistas, denunciaram no ato o arrocho salarial imposto pelos os jornais cearenses aos profissionais de imprensa.
Os atos em São Paulo ocorreram no ABC paulista, que concentram milhares de fábricas, na capital e também em cidades grandes, médias e pequenas do interior. Os metalúrgicos do ABC promoveram uma concentração na Avenida Roberti Kennedy, em São Bernardo do Campo. Na fábrica da Toyota, os trabalhadores pararam.
Os trabalhadores ligados ao Sindicato dos Profissionais da Confecção de São Bernardo do Campo paralisaram as atividades na empresa Via Santony, enquanto os químicos cruzaram os braços na empresa Ortobom e na Solvay, duas grandes fábricas localizadas em Santo André.
Na sede do Bradesco, na Cidade de Deus, em Osasco, onde atuam 10 mil pessoas, também teve paralisação.
Na capital, os trabalhadores da garagem do serviço funerário da cidade suspenderam as atividades. Os operários do canteiro de obras da Sirius e os trabalhadores centro de tecnologia de Campinas também se integraram à mobilização.
Houve paralisação do Sindicato dos Metalúrgicos em Taubaté, que se concentraram na Praça Dom Epaminondas e seguiram em caminhada até a Rodoviária Velha. Em São Carlos, os trabalhadores atrasaram a entrada nos turnos da empresa Tecumseh.
O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, alertou para os riscos da gestão comanda por Michel Temer. “Esse governo quer destruir a previdência para que os bancos possam oferecer esse serviço. Eles querem a reforma trabalhista para voltar ao período pré-Getúlio. Vamos ter empresas sem trabalhadores. Não há um único trabalhador no Brasil que não tenha motivos para estar na rua, lutando por seus direitos”, afirmou.
“Anteontem, em Nova Iorque, diversas entidades sindicais do mundo todo manifestaram apoio ao Lula. Isso mostra o quanto ele é importante para a classe trabalhadora mundial. Além disso, mostrou que não estamos sós nessa luta, a unidade é fundamental, inclusive para caminharmos rumo a greve geral”, afirmou João Felício, ex-presidente da CUT e atual presidente da Confederação Sindical Internacional, entidade com 180 milhões de sócios, congregando centrais sindicais do mundo inteiro.
A presidenta do Sindicato dos Bancários, Juvândia Moreira, lembrou que a categoria é a primeira a entrar em greve depois do golpe instituído no Brasil, que levou ao poder Michel Temer. A dirigente criticou a entidade patronal, que tem imposto dificuldades na negociação com os trabalhadores. “Tivemos nos últimos doze anos aumento real. Porém, neste ano, os banqueiros, os maiores sanguessugas da nação, apresentam proposta de reajuste com perda salarial. Eles são sócios desse grupo e querem diminuir o custo do trabalho para concentrar renda”, denunciou.
Com informações da CUT