Humberto: ataques ao SUS têm, como objetivo, obrigar os brasileiros a pagar pelos serviços públicosDesde que o presidente biônico Michel Temer se instalou no Palácio do Planalto, não são poucas as barbaridades ditas contra o Sistema Único de Saúde (SUS). Entre elas, as declarações do ministro da Saúde, Ricardo Barros, de que o Estado brasileiro não tem condições de garantir o acesso universal previsto na Constituição brasileira. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), os ataques ao SUS têm um objetivo claro: obrigar os brasileiros a pagar pelos serviços públicos e jogar a população nas mãos dos planos privados.
“O que está em curso acelerado é a clara privatização dos serviços de saúde no País, é a destruição completa da única rede gratuita e aberta de saúde do planeta, de um dos maiores sistemas públicos de acesso universal do mundo e, sem dúvida nenhuma, da maior política de inclusão social da história do Brasil”, denunciou o senador petista, nesta quinta-feira (9), em discurso ao plenário.
Um dos exemplos do desmonte do SUS ocorreu recentemente, quando o ministro Barros exonerou de seus cargos sete dirigentes do Departamento de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), órgão responsável pela correta aplicação de recursos do sistema. O mais torpe é que os afastamentos ocorreram logo após Barros ser vaiado e escutado gritos de “golpista” durante o Congresso do Conselho Nacional dos secretários Municipais de Saúde (Conasems), ocorrido na semana passada, em Fortaleza.
“O que significa desmantelar um instrumento fundamental de fiscalização e combate à corrupção e de orientação e qualificação da gestão pública? Não tem outra resposta que não seja abrir as porteiras à destruição do sistema”, acredita Humberto. Ou seja, a ideia dos golpistas é primeiro desestruturar o SUS para, depois, colocar os serviços no balcão de feira, a preço de banana, para a iniciativa privada.
A clara ligação do ministro com os empresários dos planos privados de saúde está nas doações eleitorais. Quando concorreu ao cargo de deputado federal pelo Paraná, em 2014, Barros recebeu R$ 100 mil de Elon Gomes de Almeida, sócio do Grupo Aliança, administradora de benefícios de saúde.
Diante do eminente ataque ao sistema público de saúde, Humberto apresentou um requerimento convocando Barros para esclarecer a sucessão de fatos desastrosos da sua gestão. O pedido foi acatado, na última quarta-feira (8), pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS).
O senador acredita que é possível harmonizar os interesses entre o setor público e o setor privado, mas sem qualquer competição predatória entre os dois. “Nunca a regulação da Saúde Suplementar deverá servir a fomentar – como quer o atual ministro – o crescimento dos planos de saúde. Ao contrário, ela deve equilibrar o setor privado a partir do interesse público, com o objetivo maior de fortalecer o SUS, direção na qual o atual governo interino vai totalmente contra”, disse.
Para defender o SUS e contra os retrocessos anunciados pelo governo interino, foi lançada, na terça-feira (7), uma frente parlamentar em defesa do sistema. A ideia é reunir deputados e senadores dispostos a se engajar nessa luta pelos avanços do sistema.
Caça às bruxas
No discurso, Humberto lembrou que o governo interino tem feito uma verdadeira “caça às bruxas” no Executivo, deixando a administração pública vulnerável às práticas execráveis que o Brasil se esforça para combater.
“Está hoje aí nos jornais que o golpista determinou a imediata exoneração do que ele chama de petistas que ocupam o segundo e o terceiro escalões do governo federal, servidores que, na imensa maioria das vezes, não tem qualquer filiação partidária, mas são absolutamente comprometidos com políticas de Estado exitosas”, destacou o senador.
Ele afirmou que Michel Temer tem sido implacável para demitir servidores públicos, mas lhe falta a mesma coragem para enfrentar o “delinquente” do Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Muito pelo contrário. O Palácio do Planalto tem feito verdadeiros e escancarados malabarismos, pressionando deputados, trocando a composição de comissões e do Conselho de Ética, para livrar Eduardo Cunha da cassação”.
Humberto questiona se essa tentativa de salvar Cunha seja por amizade ou por medo de que o deputado afastado, uma vez preso, possa atingir em cheio o presidente biônico em uma delação premiada.
“É preciso muita atenção para isso. Onde estão as panelas daqueles que se intitulavam “cidadãos de bem”, que foram às ruas atrás de um pato amarelo para pedir a deposição de uma presidenta legitimamente eleita? Será que ficou claro quem são os verdadeiros patos daquele movimento? ”, questionou o petista.
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