A longa estiagem que castiga o Nordeste brasileiro mostra, agora, seus efeitos perversos no Ceará – estado onde a temporada de chuvas se diferencia dos estados onde a seca já vem prejudicando a população desde o início deste ano, como, por exemplo, Bahia e Pernambuco. A previsão da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) é pessimista: a escassez de chuvas pode tornar a seca de 2012 na mais rigorosa dos últimos 19 anos e a quinta pior da história. Portanto, as dificuldades enfrentadas hoje pela população irão piorar. O quadro é particularmente crítico nas regiões do Sertão Central, afetando centros regionais como Inhamuns e Jaguaribana onde vivem cerca de 2,5 milhões pessoas.
Dos 184 municípios cearenses, 178 já decretaram situação de emergência, sem contar a avaliação do governo federal sobre decretos de outros quatro municípios.
O governo federal mobilizou tropas do Exército para a distribuição de água potável em 93 localidades, com a previsão de que, até o próximo dia 10, mais 21 cidades receberão água distribuída por caminhões-pipa. A distribuição de água vem sendo coordenada pela Defesa Civil do estado, conforme determina o convênio – no valor de R$ 8,3 milhões – firmado com o Ministério da Integração Nacional.
O governo federal mobilizou tropas do Exército para a distribuição de água potável em 93 localidades, com a previsão de que, até o próximo dia 10, mais 21 cidades receberão água distribuída por caminhões-pipa. A distribuição de água vem sendo coordenada pela Defesa Civil do estado, conforme determina o convênio – no valor de R$ 8,3 milhões – firmado com o Ministério da Integração Nacional.
A expectativa é de que este número cresça. Segundo o meteorologista Namir Mello, da Funceme, choveu 50% menos do que a média histórica no primeiro semestre deste ano: 299,2 milímetros contra a média de 606,4 milímetros. Fenômeno que, em um ano marcado pelo efeito La Niña – que normalmente torna as chuvas mais regulares no Semiárido nordestino –, pode ter sido provocado pela indefinição nas temperaturas no Oceano Atlântico. “A situação vai se agravar porque choveu pouco no primeiro semestre do ano e a estação da seca vai até novembro”, prevê ele. “A partir de dezembro, poderemos ter algumas chuvas rápidas e esparsas, próximo ao litoral. Outra coisa é que, por causa da redução de 50% no volume de chuvas, há menos água armazenada nos pequenos açudes, que abastecem as comunidades isoladas e os pequenos produtores rurais. Daí a necessidade do uso de carros-pipa para esses lugares. Os grandes açudes que abastecem as cidades e perenizam os rios estão bem de água”, completou o meteorologista.
A falta de chuva afetou plantações em todo o estado, elevando os preços de produtos essenciais para a população, como o feijão, por exemplo, e, consequentemente, encarecendo a cesta básica de alimentos. Segundo o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), o engenheiro agrônomo José Maria Pimenta, os prejuízos dos produtores rurais com a seca já chega a R$ 1 bilhão e está prevista uma redução de 85% na safra de grãos A estiagem também está afetando o gado, mas, devido a programas estaduais que estimularam o registro, o tamanho do rebanho cresceu em comparação ao último levantamento.
Nem todas as notícias, porém, são pessimistas. Nesta terça-feira (4), a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, e o governador do Ceará, Cid Gomes, entregam a cisterna de placa de número 500 mil, como parte do Programa Cisternas do MDS, no Semiárido. A agricultora Maria Nazaré da Silva, moradora do Assentamento Estadual Serrote Feio, no município cearense de Madalena, a 180 quilômetros de Fortaleza, é quem receberá a tecnologia. Lançado em 2003, o Programa Cisternas do MDS integra as ações do Programa Água para Todos do governo federal.
Além da ministra e do governador cearense, participam da solenidade representantes da Articulação do Semiárido (ASA), secretários, prefeitos, agricultores e agricultoras da região e representantes de fóruns, como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Banco do Nordeste – A ministra também anunciará, durante o evento, assinatura de parceria de prestação de serviços com o Banco do Nordeste (BNB) para a construção de mais 28,5 mil cisternas de placa para consumo e 1.650 cisternas de produção no Semiárido dos estados da Bahia, do Ceará, da Paraíba e do norte de Minas Gerais.
De acordo com o contrato, o BNB vai selecionar e contratar entidades executoras das cisternas, realizar a gestão dos contratos de repasse de recursos e a análise e aprovação da prestação de contas. O investimento na construção das cisternas será de R$ 65 milhões para as de consumo e R$ 17,5 milhões para as de produção.
(Com informações da Agência Brasil e do MDS)