Unidade Latino-americana

Estudantes constroem unidade regional contra o neocolonialismo

Já no terreno oficial, a sintonia ocorre entre os "inimigos" da educação, os governos Bolsonaro e Macri, alinhados aos interesses norte-americanos

Manifestação estudantil Buenos Aires

Estudantes constroem unidade regional contra o neocolonialismo

Foto: Sofia Hammoe

“Apoio à luta estudantil contra Bolsonaro. Nosso futuro não se negocia”. Com faixas assim, os estudantes argentinos prestaram apoio aos vizinhos brasileiros. As manifestações de solidariedade aconteceram durante manifestação realizada em Buenos Aires, dia 16. Como aqui, estudantes e professores foram às ruas em defesa da educação, dos direitos sociais e da soberania.

Já no terreno oficial, a sintonia ocorre entre os “inimigos” da educação, os governos Bolsonaro e Macri, alinhados aos interesses norte-americanos. Em entrevista nos Estados Unidos, Bolsonaro disse trabalhar para evitar que a Argentina “volte para as mãos de Kirchner”. Também alvo de perseguição judicial, Cristina Kirchner lidera as pesquisas com chances de ganhar no primeiro turno.

“Ambos os países estão passando por retrocessos para a classe trabalhadora, resultado da ofensiva do capital em nível regional”, diz Julia Strada, doutora em Desenvolvimento Econômico pela Universidade de Quilmes (Buenos Aires) e articulista de C5N. Para ela, “se em 2003, os governos de Lula e Nestor (Kirchner) significaram mudanças positivas para os mais pobres, depois de uma década de neoliberalismo, isso está sendo revertido em toda a região”.

“Para Bolsonaro, Macri é um aliado estratégico na região; necessário para garantir a aliança regional da direita”, diz Strada. Segundo ela, considerando que os Estados Unidos tratam a América Latina como seu quintal, “é fundamental para eles manter sob controle e alinhados os dois países mais importantes”. A jornalista lembra que Christine Lagarde, do FMI, já “alertou” que seria uma “insensatez” que o próximo governo promova mudanças nos rumos da economia.

A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Além disso, os dois países são peças-chaves na geopolítica da região, o que explica o interesse norte-americano. Ao assumir, o governo Bolsonaro secundarizou as relações com a Argentina, optando por ir ao Chile em sua primeira viagem oficial regional.

Nesta semana, o chanceler do clã, Eduardo Bolsonaro, visita a Argentina, antecedendo a viagem de Bolsonaro, prevista para junho, três meses antes das eleições presidenciais no pais. “O apoio de Bolsonaro vai gerar constrangimento na campanha, porque a imagem dele na Argentina é muito negativa”, disse Matias Spektor, professor de relações internacionais na FGV, em matéria no jornal Folha de S. Paulo.

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