“Cadê o rádio? Cadê o dinheiro que eu recebi? Cadê a mesada? Cadê a facilitação de licitação? Quem foi indicado para assumir cargo no Governo? Cadê o tráfico de influência? Com essas questões Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), rebateu todas as acusações de que ele ou o governo do DF teriam ligações com o grupo criminoso liderado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira. “Posso lhe assegurar que o senhor Carlos Cachoeira nunca ligou para o gabinete do governador Agnelo”, disse Monteiro que também negou ter falado com o empresário.
A postura de Monteiro foi elogiada pelo deputado tucano, Carlos Sampaio (SP), que afirmou: “O senhor sai daqui de cabeça erguida. Seus familiares têm razão de sobra para se orgulhar de seu comportamento hoje”. Ao convencer a oposição, o ex-assessor do PT foi aplaudido pelo plenário da CPI.
Ele colocou à disposição da CPMI também os sigilos de seus filhos. “Se necessário for, abro mão dos sigilos por 20 anos, por 30 anos, por toda minha vida”, destacou. “Entrego os sigilos dos meus filhos porque dizem que fiz de meu filho meu laranja”, completou para que a CPMI comprove que ele não integra a quadrilha.
Mesmo munido de um habeas corpus, Monteiro optou por falar à CPMI nesta quinta-feira (28/06), porque, “com minha honra aviltada, preferi falar a meus parentes, meus amigos e meus eleitores sobre a realidade dos fatos”. Ele entregou à comissão um documento no qual abriu mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Monteiro, que pediu para se afastar do cargo quando surgiram as primeiras denúncias contra ele, disse que jamais recebeu um rádio Nextel para falar com integrantes do grupo de Cachoeira, suspeita levantada pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Monteiro disse que, em 475 dias de escuta, não há nenhuma fala pessoal com integrantes do esquema comando pelo contraventor. “Onde está o rádio? Qual a gravação que aparece em que está a minha voz?”, perguntou.
O depoente também garantiu que nunca recebeu propina ou mesada por supostamente ter interferido em nomeações no Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A Empresa Delta, que detinha o contrato para recolhimento do lixo no Distrito Federal desde governos anteriores estaria envolvida com o grupo do contraventor. Em um grampo da PF, o araponga Idalberto Matias, o Dadá, pede ao ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu que pague ao ex-chefe de gabinete propina para indicar uma pessoa do grupo para o cargo de diretor do SLU.
Sobre Idalberto Matias, acusado de ser araponga do contraventor Cachoeira, Cláudio Monteiro admitiu que, como chefe de gabinete do governador, chegou a recebê-lo, juntamente com o ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu. Ele disse ainda que Dadá foi, sozinho, algumas vezes ao gabinete. “Mas não cheguei a recebê-lo”, assegurou.
Giselle Chassot