Da esq para a dir: Jorge Viana, Lula, Evo Morales, Tião Viana e Wellington Dias: o Acre dá o exemploNão pude me fazer presente, mas acompanhei pelos sites, blogs e redes sociais o tamanho da repercussão da última visita do ex-presidente Lula ao Acre, estado em que o seu partido, o PT, já conquistou cinco mandatos de governador e cinco mandatos de senador da República, numa trajetória de vitórias sem igual em outras unidades da federação. O Acre é o único estado do Brasil onde o Partido dos Trabalhadores está simultaneamente no comando do governo e também da prefeitura da capital, além de significativa bancada de deputados federais, estaduais e vereadores. Tudo isso, é bom que se diga, fruto do esforço pessoal do nosso militante número um, o líder sindical que entrou para a história como o primeiro operário a conquistar por duas vezes a presidência da república, governar preferencialmente para os pobres e necessitados, e ainda legar ao povo brasileiro a eleição de Dilma, também por dois mandatos, a primeira mulher presidente do Brasil.
Falar do Lula no Acre, para mim, é sempre motivo de alegria. O Lula é uma pessoa muito especial para todos nós, tanto da velha guarda na qual me incluo, quanto para as novas gerações de militantes, que a meu ver estão muito mais municiadas de argumentos para enfrentar e vencer o bom debate da política. Foi graças ao Lula, quando não tínhamos as mínimas condições de fazer uma campanha, que nos lançamos ao desafio de uma candidatura Nilson Mourão ao governo, em 1982, época em que, mesmo tendo sido candidato ao governo de São Paulo, Lula se fez presente para nos emprestar a sua voz rouca e a sua solidariedade.
A história do Lula com a luta sindical e o PT do Acre pode ser contada de diferentes formas, a começar pela solidariedade que prestou aos companheiros e familiares de Wilson Pinheiro, assassinado na virada de 1979 para 1980 em Brasiléia, que lhe rendeu um processo e um enquadramento na malfadada lei de segurança nacional, e pela presença de força e esperança no velório e sepultamento do companheiro Chico Mendes, assassinado com um tiro à queima roupa em dezembro de 1988 em Xapuri.
Lembro que o Lula disse à época que não queria mais voltar ao Acre para chorar a morte de companheiros. Graças a Deus, isso não aconteceu mais. Suas incontáveis visitas ao Acre, de 1989 para cá, tem sido para transmitir a esperança de um futuro melhor que só seria possível, como foi, com o esforço e a dedicação de cada indivíduo. Em 1990, quando Jorge Viana disputou e perdeu o segundo turno das eleições para Edmundo Pinto (governador assassinado no Della Volpe Hotel em São Paulo), o Lula esteve praticamente em todos os municípios pedindo para o povo votar no menino do PT. Foi essa boa semente lançada ao solo em cada uma de suas vindas ao Acre que germinou, floresceu e se multiplicou em tantos frutos.
Se hoje o governador Tião Viana vive a alegria de concluir com sucesso o complexo da piscicultura, com a unidade produtora de alevinos, a fábrica de ração e a indústria de filetagem que vai permitir a compra e exportação de toda produção de peixe do Acre; desenvolver um programa de habitação tão ousado quanto o “Cidade do Povo”, que avança para entregar mais de 10 mil casas até 2018, e consolidar o arranjo econômico do Alto Acre com as cadeias produtivas da borracha, da castanha, da avicultura e da suinocultura, é porque contabilizamos uma sequência de vitórias que só foram possíveis, em grande parte, pela atenção que o Lula sempre teve para com a gente.
Cada vez que o Lula pisa o chão do Acre serve como alerta a todos nós para que não nos esqueçamos das nossas origens. Isso aqui é fruto de muitos esforços e muitos símbolos dos quais nós não podemos e não devemos abrir mão.
Como sou agradecido a Deus por fazer parte dessa história! Estar entre as pessoas, algumas lideranças de grande visibilidade e outras tantas praticamente invisíveis, que deram sua parcela de contribuição para que importantes conquistas fossem concretizadas até aqui! E, para quem tem a missão de estar no presente comandando esse bonito projeto, o desafio se faz cada vez maior: avançar em novas conquistas e zelar pelas realizações que mobilizaram o povo do Acre a nos confiar tantas vezes o seu destino!
Aníbal Diniz, 52, jornalista, graduado em História pela UFAC, foi diretor de jornalismo da TV Gazeta (1990 – 1992) assessor da Prefeitura de Rio Branco na gestão Jorge Viana (1993 – 1996), assessor e secretário de comunicação nos governos Jorge e Binho (1999 – 2010) e senador pelo PT- Acre (Dez/2010 – Jan/2015), atual assessor da Liderança do Governo no Congresso Nacional.
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula