Em 30 anos, a expectativa de vida do brasileiro cresceu de 62,5 para 73,7 anos
A expectativa de vida no Brasil aumentou de 62,5 anos, em 1980, para 73,7 anos, em 2010, o que equivale a um acréscimo de quatro meses e 15 dias de vida por ano, em média, ao longo das últimas três décadas. Os dados fazem parte das Tábuas de Mortalidade IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apresentadas nesta sexta-feira (02).
Os técnicos do IBGE responsáveis pela pesquisa atribuíram os bons resultados verificados em regiões mais carentes aos programas sociais, que melhoraram a vida da população. A ação desses programas sobre a expectativa de vida pode ser claramente verificada em regiões como o Nordeste, que foi a que apresentou o maior aumento na expectativa de vida. Em 1980, o nordestino tinha a taxa mais baixa do País (58,25 anos). No período de 30 anos houve elevação de 12,95 anos e, em 2010, atingiu 71,20 anos. De acordo com o IBGE, o crescimento foi decorrente, principalmente, do aumento de 14,14 anos na expectativa de vida das mulheres nordestinas, que passou de 61,27 anos em 1980 para 75,41, em 2010.
Em 30 anos, a expectativa de vida do brasileiro |
Segundo o gerente de Componentes de Dinâmica Demográfica do IBGE, Fernando Albuquerque, o Nordeste representava, em 1980, a região com menor índice de expectativa de vida. “A aplicação mais eficaz de programas sociais e de projetos de distribuição de renda favoreceram o crescimento da taxa da região, disse. Ele explicou também que todos os programas geraram impacto positivo na região: “houve aumento na qualidade de atendimento de pré-natal, transferência de renda assegurada pelo Bolsa Família e melhor instrução”. Albuquerque disse ainda que o programa Saúde da Família não previne a mortalidade apenas na infância, mas em todas as faixas de idade. “São programas importantes que representam forte impacto na redução da mortalidade. Há um aumento maior da expectativa de vida na região Nordeste”, explicou.
A elevação da expectativa de vida entre as mulheres foi o fator que favoreceu também o resultado do Rio Grande do Norte, que apontou a maior elevação entre os estados da região (15,85 anos). Lá, a taxa das mulheres ficou em 17,03 anos. “Em 1980, o Rio Grande do Norte também era um dos estados em que a mortalidade era mais elevada, consequentemente com uma expectativa de vida mais baixa. Então de certa forma estes programas aceleraram a diminuição das taxas de mortalidade e ganhos na expectativa de vida”, explicou.
Média brasileira
A expectativa de vida do brasileiro cresceu 11,24 anos entre 1980 e 2010. O crescimento entre as mulheres ficou em 11,69 anos, enquanto entre os homens a elevação atingiu 10,59 anos. O pior resultado de crescimento entre as regiões foi no Sul (9,83 anos), até porque a região já tinha a maior expectativa de vida do País. Em 1980 era de 66,01 anos, a mais elevada daquele ano. Em 2010 atingiu 75,84 anos, também a maior expectativa entre as regiões. “Os níveis de mortalidade já eram mais baixos. Os aumentos ocorreram, mas com menos intensidade. Essas expectativas de vida já eram elevadas”, disse o gerente.
A segunda região a apresentar maior crescimento nos 30 anos compreendidos entre 1980 e 2010 foi a Centro-Oeste com elevação de 10,79 anos (de 62,85 para 73,64 anos). Em terceiro ficou o Sudeste que teve elevação de 10,58 anos (de 64,82 para 75,40 anos). A quarta foi a região Norte, que passou de 60,75 para 70,76 anos, representando um aumento de 10,01 anos na taxa.
Atuação dos programas sociais interfere diretamente
Na avaliação do gerente do IBGE, no Norte, a dificuldade de acesso aos programas sociais impediu um desempenho melhor na esperança de vida. “Os programas sociais existem, mas há uma maior dificuldade em função da extensão da região e dificuldade de acesso. São populações ribeirinhas, onde o indivíduo tem de viajar vários dias para chegar a um posto de saúde”, explicou.
A pesquisa analisa resultados sobre a esperança de vida por sexo e compara informações sobre as regiões do país e dos estados. O trabalho utiliza dados do Censo Demográfico 2010, das estatísticas de óbitos obtidos no Registro Civil e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do ministério da Saúde para o mesmo ano.
Veja alguns destaques da pesquisa:
• Em 30 anos, o Nordeste tem maior ganho na esperança de vida: 12,95 anos. A região, que tinha a esperança de vida ao nascer mais baixa em 1980 (58,25 anos) teve, em 30 anos, um incremento de 12,95 anos nesse indicador, chegando, em 2010, a 71,20 anos.
• A região Norte, que anteriormente estava à frente do Nordeste, teve uma variação positiva menor. Ainda assim, a expectativa de vida pulou de 60,75 para 70,76 anos. Essa inversão se deveu principalmente ao aumento de 14,14 anos na esperança de vida das mulheres nordestinas, que foi de 61,27 anos para 75,41, enquanto que a das mulheres da região Norte aumentou 10,62 anos, de 63,74 para 74,36 anos.
• Em 2010, entre as unidades da Federação, a menor esperança de vida ao nascer para ambos os sexos foi registrada no Maranhão, 68,69 anos.
• Em 1980, Alagoas detinha essa posição, com 55,69 anos, mas passou a 69,20 anos em 2010. Essa mudança se deveu principalmente ao aumento de 15,13 anos na expectativa de vida das mulheres alagoanas, que passou de 58,84 para 73,97 anos, enquanto que o Maranhão passou a ter a menor esperança de vida feminina no país, 72,77 anos. Entretanto, Alagoas manteve em 2010 a mais baixa expectativa de vida masculina (64,60 anos), marca que já tinha em 1980 (52,73 anos).As mulheres alagoanas vivem em média 9,37 anos a mais do que os homens, consequência de ser o estado que apresentou a maior sobremortalidade masculina no grupo de 20 a 24 anos, 7,4 vezes.
A publicação completa da pesquisa pode ser acessada na página
Giselle Chassot, com informações do IBGE e da Agência Brasil
Foto: santoandre.sp.gov.br