Os depoimentos de dois governadores de estado vão movimentar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) na próxima terça-feira (12/06). O mais aguardado é o tucano Marconi Perillo, de Goiás, por causa das diferentes versões que vêm sendo apresentadas sobre a venda de seu imóvel para Carlos Cachoeira – a mesma em que o contraventor foi preso, no dia 29 de fevereiro passado. Há pelo menos três versões, além do que foi apurado pela Polícia Federal. O negócio ainda muito mal explicado, envolvendo o governador, o contraventor, o ex-vereador tucano Wladimir Garcez (que trabalhava para Cachoeira) e o empresário Walter Paulo. Desde a última quinta-feira (07/05), o governador tucano vem apresentando nova versão, por meio da divulgação de áudios gravados pela PF, com autorização da Justiça, na qual se apresenta como vítima.
A história do imóvel ficou tão obscura que os parlamentares da CPMI passaram a defender, quase sem exceção, a quebra do sigilo bancário do governador, entre eles, o relator, Odair Cunha (PT-MG).Além da questão da casa, Perillo terá que esclarecer as 237 referências a seu nome nas ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal. Também de acordo com as investigações, Perillo teria loteado seu governo com indicações de Cachoeira – principalmente na polícia do estado.
Agnelo Queiroz
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiróz (PT), falará à CPMI na quarta-feira (13/06). A Polícia Federal interceptou conversas telefônicas entre o seu ex-chefe de gabinete do governador, Cláudio Monteiro, e pessoas ligadas a Carlinhos Cachoeira. No inquérito, há referências a uma suposta intermediação de pessoas ligadas ao governo do DF em contratos de interesse da construtora Delta, como, por exemplo, o contrato de coleta de lixo, mas não há informações sobre qualquer conversa do grupo com o próprio chefe do Executivo do Distrito Federal. O contrato com a empresa vinha sendo mantido por meio de liminar que favorecia a empresa, e foi rompido unilateralmente pelo governo, na quarta-feira (06/06). O chefe de gabinete do governador, Cláudio Monteiro, deixou o cargo após o surgimento das denúncias.
No dia em que foi decidida a sua convocação, o governador do DF divulgou nota à imprensa. Nela, afirma que respeita o trabalho da CPI, “mas a convocação é absolutamente injusta, pois esse grupo criminoso não conseguiu fazer negócios no Distrito Federal, não indicou ninguém no Distrito Federal. E as gravações da Polícia Federal comprovam que esse grupo tentou me derrubar, porque eu era um empecilho para sua atuação no Distrito Federal.”
O advogado de Agnelo, Luis Cláudio Alcoforado, garante que o governador falará aos parlamentares. “Pela primeira vez, ele terá a oportunidade de se manifestar sobre o caso e de desconstruir o que foi dito, como se a empresa Delta tivesse sido beneficiada (no governo do petista)”, disse o advogado em entrevista ao portal UOL.
Giselle Chassot