ARTIGO

Expectativas e perspectivas, desafios e esperanças para 2022, pauta racial

As expectativas e perspectivas por dias melhores, para o povo brasileiro em 2022, não podem ser apenas uma utopia
Expectativas e perspectivas, desafios e esperanças para 2022, pauta racial

Foto: Reprodução

As desigualdades e o racismo norteiam o processo desenvolvimento do país há séculos. Isso significa, que o Brasil não está se expandindo na maneira e no potencial, que poderia, pois o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana não é assegurado para todas e todos.

O país infringi a sua Carta Magna, de mão cheia, a exemplo do inciso III, artigo 5º, que reza: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Mas, é assim que a população negra vive em nossa sociedade.

Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a média nacional da renda mensal para brancos é de R$ 2.884 e R$ 1.663 para negros; o Atlas da Violência informa, que negro tem 2,6 vezes mais chances de ser assassinado no país; o estudo, As Despesas da Família Brasileira com Água Tratada e Coleta de Esgoto, do Instituto Trata Brasil, aponta que a população que mora em unidades de consumo abaixo da linha de pobreza no país, 67,5% não tinha acesso à rede de esgoto em 2018, qual a cor dessas pessoas.

A população brasileira chega a 213,3 milhões de habitantes e a população negra corresponde a 56, 2 % da população, onde as mulheres negras são a maioria, 28% e as mais vitimadas por todas as formas de violência. Nos últimos anos, em especial, no governo atual e com a pandemia, que ceifou mais quase 617 mil vidas, essas desigualdades e o racismo se acenderam ainda mais, como as chamas na Amazônia. O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, denuncia que em apenas dois anos, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave saltou de 10,3 milhões para 19,1 milhões e qual a cor dessas pessoas?

As expectativas e perspectivas por dias melhores, para o povo brasileiro em 2022, não pode ser apenas uma utopia ou meros discursos e, sim, a efetivação de políticas pontuais e integradas, para os grupos racializados, que envolva toda a sociedade e suas instituições.

O ano de 2022 será um ano eleitoral e o que não pode ficar de fora nas disputas partidárias e nos planos de governo das candidaturas, é a pauta racial. O TSE e o Supremo movidos pelos Movimentos Negros do Brasil, já decidiram pela distribuição igualitária do tempo de rádio, tevê e distribuição dos recursos, para candidaturas negras.

Além das eleições está na agenda política e social dá no que vem, a reedição da lei de cotas. O Congresso Nacional precisa reafirmar essa política exemplar, que registra entre 2010 e 2019, o crescimento de quase 400%, do número de alunos negros no ensino superior. Um total ainda baixo de alunos matriculados, 38,15%, diante dos 56, 2% da população brasileira, que é negra.

Esperançar é preciso, como diz um dos maiores articuladores para políticas sociais e raciais no país, senador Paulo Paim. Autor da bússola orientativa, para promoção da igualdade racial, o Estatuto da Igualdade Racial e do PL 5231, de 2020, fundamentado pela Coalizão Negra por Direitos, que trata da abordagem dos agentes públicos e privados, diante dos corpos negros. Uma das matérias mais importantes e urgentes, para garantir a vida da população negra e mover o Brasil, para plena democracia. Que não sejamos antirracistas por conveniência. Axé, saúde, amor e bons ventos vermelhos para 2022.

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