As exportações brasileiras à África recuperaram-se da queda sofrida em 2008 e devem ultrapassar, neste ano, o recorde atingido em 2010, de US$ 10,2 bilhões. De janeiro a outubro, as vendas do país ao continente chegaram a US$ 9,9 bilhões, um terço acima do resultado no mesmo período do ano passado. Parte desse resultado pode ser atribuído à atuação das empresas brasileiras de construção civil e exploração de recursos naturais que, financiadas com recursos do BNDES e do Banco do Brasil, compram insumos de fornecedores brasileiros.
“Por volta de 1,6 mil empresas foram para o exterior por meio das operações da Odebrecht “, disse o vice-presidente da empresa para América Latina e Angola, Luis Antônio Mameri. Para ele, a precariedade logística é um dos principais obstáculos enfrentados pelas empresas nos negócios com a África, que, mesmo assim, vêm crescendo. A Odebrecht, com 14,5 mil pessoas em suas operações na África, que representou 4% do faturamento bruto da empresa em 2010 (12% da área de engenharia e construção) tem seu mercado internacional mais antigo em Angola, também o país africano com história mais longa de relações com o Brasil, mais de 30 anos.
Apesar do crescimento, o comércio brasileiro com a África é também cada vez mais deficitário, principalmente por causa da alta dos preços de petróleo, que representa 60% das importações brasileiras daquele continente. Entre janeiro e outubro, o Brasil comprou US$ 2,9 bilhões a mais do que vendeu aos africanos, bem mais que os US$ 2,1 bilhões do mesmo período no ano passado.
As dificuldades de logística, obtenção de garantias e barreiras linguísticas (além da oscilação no preço das commodities) são, segundo estudo ainda inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Banco Mundial, alguns dos motivos pelos quais o comércio entre o Brasil e o continente estar ainda abaixo de 10% do comércio exterior entre o Brasil e o mundo, apesar de ter quase dobrado entre 2004 e 2009. O estudo informa que desconhecimento mútuo e a corrupção também funcionam como obstáculo ao aumento das relações entre brasileiros e os países africanos.
“Temos procurado nos aproximar dos africanos como sócios no desenvolvimento local”, diz o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, Emílio Garófalo. “Nossa filosofia é de transferir tecnologia, fazer com que participem da elaboração do projeto para aprender a fazer”, disse. (SL)
Fonte: Valor Econômico