Leia a íntegra do discurso de Rui Falcão na abertura da exposição 33 anos do PT e dez no governo, ocorrida nesta quarta-feira (27/02), na Câmara dos Deputados.
Na abertura da exposição comemorativa do 33 anos do PT e dos dez anos governando o Brasil, o presidente do PT fez um discurso destacando a necessidade de um Código de Ética para os jornalistas, para que a atividade seja respeitada pelos patrões. Leia:
Agradeço a presença da imprensa nesse evento e aproveito para pedir o apoio de vocês para nossa luta pelo alargamento da liberdade de expressão no Brasil, inclusive para que nesse processo os jornalistas possam ter um Código de Ética reconhecido pelo patronato, coisa que hoje não ocorre. Um Código de Ética para que os jornalistas tenham o direito à objeção de consciência, à valorização de seu trabalho e que não haja nenhum tipo de adulteração nas matérias que vocês apuram com muita labuta e que muitas vezes são distorcidas ou pelas chefias ou a mando dos donos das empresas que não tem muito interesse em veicular informação, mas sim defender seus interesses.
Companheiros e companheiras,
Hoje, antes de vir para a abertura dessa exposição, maravilhosa, emocionante, eu estive numa solenidade que marcava o lançamento das comemorações dos 30 anos de fundação da CUT. Como vocês sabem, porque muitos daqui participaram, a CUT foi fundada em agosto de 1983, mas hoje já se fez o lançamento das comemorações e aqui quero retomar palavras do deputado Arlindo Chinaglia. Realmente companheiros e companheiras, a luta do PT surgiu pari passu com a luta dos trabalhadores, seja a luta dos trabalhadores por mais democracia, seja a luta dos trabalhadores em defesa dos seus direitos, entre eles o direito a um salário digno que a ditadura manipulava e arrochava. Direito ao direito de greve, que é um direito universal e que a ditadura massacrava. Por isso é estranho que hoje, muitas pessoas aparecessem aqui de repente quando lá atrás não vi nenhum deles defendendo o direito de greve, e coexistiu e confraternizava com a ditadura. Mudaram de nome, mudaram de partido, mas no seu sangue, no cerne do seu DNA, está lá o DNA do autoritarismo da ditadura.
Mas nesse aniversário da CUT, nós vimos que a CUT é uma central que tem um programa sociopolítico e econômico. Luta sim, para maiores conquistas dos trabalhadores, mas luta para que o Brasil seja ainda mais democrático do que é hoje. Nós estamos irmanados nessa convicção. A CUT, com sua independência, sua autonomia, sua rebeldia, e o PT, partido político que se orgulha de nos seus 33 anos de existência, estar há dez anos à frente do Governo Federal.
E eu fui lá justamente, Arlindo, você que foi presidente da CUT, para retomar um pouco a energia fundadora, porque tendo saído das prisões da ditadura, minha primeira militância pós o combate da luta armada foi militar no sindicato dos jornalistas de São Paulo, do qual eu tive a honra de ser diretor estatutário. Fui lá beber um pouco daquela combatividade, muito forte no movimento sindical, e muito forte no Partido dos Trabalhadores e na nossa bancada também.
Então, companheiros e companheiras, nós estamos comemorando sim, e essa comemoração se estende Brasil afora, das mais variadas formas, em todos os dias. Agora, dia 7, vamos comemorar em Belo Horizonte, dia 18, no Mato Grosso do Sul. Já estivemos no Mato Grosso, já comemoramos em São Paulo e falam: Ah, o PT fica lembrando os dez anos que passaram. Ficam lembrando os 33 anos. Nós queremos, sim, lembrar o passado, e lembrar o passado mais distante, e esse passado mais distante é aquele que nós não queremos que retorne. Por isso é preciso manter bem vivo a memória do nosso povo. Porque tem gente que até algum tempo atrás era mantido forçosamente na clandestinidade pelos seus candidatos e agora ressurge querendo uma espécie de alvará, uma espécie de salvo conduto da história. E confunde boa educação, cortesia, gentileza como se isso fizesse com que nós esquecêssemos o estado deplorável em que nos entregaram o País quando deixaram o governo. Então nós vamos comemorar o passado com a certeza que o nosso passado nos honra e o nosso passado e o nosso presente tem o apoio da maioria da população. Não de um pequeno grupo para quem os governos anteriores se ajoelhavam e cuidavam dos interesses. Nós queremos continuar governando para todo o povo brasileiro, com maior atenção para aqueles que mais precisam; para aqueles que saíram da miséria extrema, para aqueles que ascenderam socialmente, para aqueles que tiveram oportunidade de chegar às universidades onde antes tinham as portas fechadas pelo preconceito.
É por isso que nós queremos relembrar esse passado, mas nós relembramos o passado também para projetar o futuro, porque nós queremos um futuro melhor do que aquele que vivemos hoje. E para isso queremos cada vez mais a participação do nosso povo, porque o nosso governo, na prática e nos discursos, não tem medo de usar a palavra POVO. E é uma palavra que fica tão distante dos discursos da elite como se o povo fosse fardo, encargo. Para nós, POVO significa propulsão, povo significa energia, povo significa o verdadeiro detentor da soberania e para quem nós governamos.
Então, companheiros e companheiras. Nós vamos fazer do ano de 2013 um ano de consolidação das conquistas dos nossos governos e queremos que elas avancem. Queremos que o País prospere ainda mais e vamos fazer também do ano de 2013 a consolidação das nossas quase 700 prefeituras que nós estamos governando sob o signo do modo petista de governar. Queremos em 2013 fazer o nosso processo de eleição democrática. É o único partido no País que elege seus dirigentes pelo voto direto dos filiados. Há quem se consagre agora dizendo que vão fazer prévias. Ótimo. Queremos nos congratular com aqueles partidos que antes escolhiam seus dirigentes na mesa do restaurante e agora acenam com a possibilidade de prévias. É um avanço democrático e nós saudamos. Mas nós vamos fazer nosso processo de debate junto com o V Congresso Nacional do PT e dialogando com a sociedade.
Queremos ouvir da sociedade suas novas demandas que surgiram a partir justamente dessas conquistas. Lembrou o presidente Lula na celebração dos dez anos de governo em São Paulo: hoje, quando milhões conseguem uma casa do Minha Casa Minha Vida, querem uma geladeira, querem um fogão. No passo seguinte, querem transporte de qualidade, querem segurança pública e o nosso papel não é negar, é criar condições de organização de alteração dessa correlação para que essas demandas sejam atendidas.
Queremos companheiras e companheiros, lançar uma grande campanha nacional a partir da reunião do Diretório Nacional do fim de semana pela realização da reforma política e eleitoral no País. Sabemos que nossa bancada é credora dessa luta. Toda a nossa bancada, está aí o relatório Fontana (deputado Henrique Fontana – PT-RS – é o relator) para confirmar o que eu digo, tem batalhado no Congresso para a mudança dos costumes políticos para a realização de uma reforma. Anuncia-se a possibilidade de votar essa reforma nos próximos dias. Ótimo, queremos somar forças e lançar nossa campanha para dialogar com a sociedade. Queremos o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais, para baixar os custos das campanhas, para acabar com a corrupção, para evitar o peso do poder econômico. Queremos também as listas partidárias que permitem transformar os partidos em partidos programáticos e fazer com que o eleitor possa se reconhecer na hora do voto. Queremos e é vital ampliar a participação das mulheres na vida política nacional. É inaceitável que o Parlamento do Irã tenha mais mulheres do que a Câmara dos Deputados. Por fim, queremos simplificar as formas de participação popular, com a iniciativa popular legislativa, com referendo, com plebiscito, para que o povo possa participar das decisões da vida nacional.
Companheiros e companheiras. Não foi fácil chegar até aqui. Disse hoje o presidente Lula nos 30 anos da CUT. Nós não pedimos licença para ninguém, porque não nos aceitavam sequer na porta da cozinha. E nós construímos nosso espaço, com luta, com suor, com sangue, com determinação. E chegamos onde eles sempre reinaram. Lá no andar de cima. A diferença é que eles ficavam no andar de cima, nos seus coquetéis, nas suas confraternizações no andar de cima e olhando para o amplo andar de baixo. E nós chegamos ao andar de cima e queremos que cada vez mais gente ascenda ao andar de cima para criar, junto com a liberdade e com a democracia, igualdade no nosso País. Como disse o Arlindo (Chinaglia), socialismo não é mais Estado, mas socialismo é, sim, liberdade junto com igualdade. VIVA O PARTIDO DOS TRABALHADORES. VIVA OS NOSSOS ALIADOS.