Os quase 30 pedidos de impeachment contra o presidente da República apresentados na Câmara não são suficientes para levar adiante um processo de cassação do mandato de Jair Bolsonaro. Esse é o entendimento do líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), para quem os esforços do Congresso devem ser canalizados para “salvar vidas” e enfrentar a crise provocada pela pandemia de covid-19.
“Não é momento de a gente discutir essa questão [impeachment]. Não vamos repetir o mesmo erro de Bolsonaro. Trocou ministro da Saúde que vinha, bem ou mal, tocando a agenda da saúde, com curva de aprendizagem sobre a pandemia. Mesmo o presidente se colocando contra as medidas mais acertadas no combate a pandemia, agora é hora de cuidar da saúde, das pessoas, do auxílio aos estados e diversas categorias profissionais”, disse o senador ao Congresso em Foco.
Segundo ele, a discussão sobre os crimes de responsabilidade do presidente deverá ser enfrentada, mas somente após a pandemia. Para Rogério Carvalho, ainda não há apoio popular necessário para o afastamento do presidente.
“A sociedade precisa tomar pé da quantidade de crimes de responsabilidade do presidente e a iniciativa de pedir o impeachment, para não ser uma coisa partidária. Tem de ser um desejo mais amplo da sociedade”, afirmou.
De acordo com o líder, a aprovação de um processo de impeachment dependerá da soma de algumas variáveis. “O que está motivando o impeachment do presidente? Quais foram os crimes que ele cometeu? Como está o ânimo da população em relação ao presidente e em relação aos erros que ele cometeu na sociedade. Isso vai ser levado em conta.”
Na avaliação do líder petista, a sociedade começa a desaprovar o “conjunto de atrocidades” cometidos pelo presidente, por meio de seus reiterados ataques às instituições democráticas. “A gente tem clareza de que Bolsonaro é incapaz de governar o país. Não prova a sua sensibilidade de líder. Não tem empatia, compaixão ou generosidade com as pessoas. Mas o povo o escolheu… É preciso priorizar agora o salvamento de vidas.”