Falta de cuidado na primeira infância gera custo social impagável, diz Paim

Seminário discute desenvolvimento infantil como forma de romper um ciclo de falta de oportunidadesAs discussões sobre a importância da educação e do afeto na formação da personalidade da criança se consolidam na pauta do Senado, a partir desta terça-feira (25). O motivo: Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, que acontece na Casa até quinta-feira e é aberta ao público. Na sexta, o evento continua na Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ).

A primeira infância vai de zero a 6 anos de idade, fase primordial no desenvolvimento físico e psíquico, na formação da personalidade e na consolidação da convivência familiar e comunitária.

Neste primeiro dia de evento, o senador Paulo Paim (PT-RS) mostrou preocupação com as dificuldades de aprendizagem e socialização quando há descaso na criação durante essa fase da infância. “Sabemos que crianças submetidas à falta de amor, de atenção, de segurança, de limite, de valores tendem a não desenvolver suas capacidades cognitivas e sociais. E este é um custo social impagável no adulto de amanhã”, afirmou.

De acordo com estudos, é durante a primeira infância que o cérebro humano desenvolve a maioria das ligações entre os neurônios. Até os 3 anos de idade, as cerca de 100 bilhões de células cerebrais com as quais uma criança nasce desenvolvem 1 quatrilhão de ligações. O número é o dobro de conexões que um adulto possui. Aos 4 anos, estima-se que a criança tenha atingido metade do  potencial intelectual.

Quando focado em famílias em situação de pobreza, o desenvolvimento infantil pode romper um ciclo de falta de oportunidades. No Brasil, o grupo é um dos mais vulneráveis da população. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2006), quase metade (45%) das famílias brasileiras com crianças de zero a 6 anos vive com rendimento mensal per capita de até meio salário mínimo. Altas taxas de mortalidade, desnutrição infantil, falta de registro civil, violência doméstica e a tradição do cuidado básico em detrimento da prática educacional são algumas das condições adversas ao pleno desenvolvimento infantil que devem ser observadas em políticas para essa faixa etária.

Apesar do País contar atualmente com políticas públicas específicas para a primeira infância, o senador destaca que é preciso que essas ações sejam cada vez mais claras, importantes e solidárias. “Regulamentar o direito das crianças de até 6 anos pode garantir que elas tenham uma infância com maior qualidade e o mais importante: segurança”, explicou Paim.

O evento

Esse é o sétimo ano consecutivo que o Senado promove o evento, que se consolida no calendário nacional de seminários consagrados à infância e que traz especialistas de diversos estados e de outros países para divulgar e discutir estudos e projetos desenvolvidos no Brasil e no mundo. Neste ano, o tema central é as “Neurociências e educação na primeira infância: progressos e obstáculos”.

O objetivo é apresentar novas informações da ciência e da prática educacional que contribuam para que o poder público e a sociedade deem mais atenção à primeira infância como fase primordial da formação e do desenvolvimento da pessoa.

Nesta quarta-feira, as Comissões de Educação, Cultura e Esporte (CE), de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e de Assuntos Sociais (CAS) farão, às 10h, audiência pública conjunta para tratar dos aportes das neurociências à compreensão do desenvolvimento infantil. O debate teve entre os propositores a senadora Ana Rita (PT-ES).

A programação vai até quinta-feira, com 14 oficinas conduzidas por especialistas e previsão de 500 participantes no Auditório Petrônio Portella, no auditório do Interlegis e no auditório e em salas do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB). Na sexta-feira será a vez de a programação acontecer na Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), quando são esperadas 200 pessoas.

Clique aqui e baixe a programação completa do seminário.

Com informações da Agência Senado

 

 

 

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