Foto: Jefferson Rudy/Agência SenadoGiselle Chassot, com informações da assessoria de imprensa do senador Humberto Costa
7 de novembro de 2016 | 20h24
A diferença entre o suposto “pente-fino” que o governo ilegítimo de Michel Temer está promovendo nos cadastros do Bolsa Família e as ações para corrigir irregularidades feitas desde 2007 pelos governos petistas é mais uma tentativa, apoiada pela grande imprensa, de criminalizar o que vinha dando certo e punir quem tem menos.
O novo ministério de Desenvolvimento Social e Agrário divulgou que há 1,1 milhão de irregularidades num total de 13,90 milhões de benefícios pagos pelo programa. Isso significa menos de 8% do total de cadastrados. E tratou a informação como um grande malfeito dos governos anteriores. Mas não fez nada além de cruzar informações de seis bancos de dados diferentes, como a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e INSS, por exemplo.
Era exatamente assim que o antigo MDS procedia e identificava pequenos acréscimos na renda familiar dos beneficiários, por exemplo. É como a malha fina da Receita Federal. Qualquer erro de preenchimento no cadastro significa bloqueio dos benefícios do Bolsa Família que os próprios neogovernistas dizem ser “possível de reverter”.
“O que eles vão fazer agora é deixar 1 milhão de famílias brasileiras que estavam abaixo ou muito próximo da linha de pobreza ainda mais pobres, porque perderão o benefício”, resume Maia Sprandel, técnica da liderança do PT no Senado, autora do livro “A Pobreza no Paraíso Tropical”.
Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o discurso de austeridade não combina com a ampliação de gastos no mínimo questionáveis que estão sendo priorizados pela gestão Temer. “Temer faz um discurso dissociado da prática cortando os benefícios da população carente e mantendo os privilégios dele e da sua base aliada”, disse.
“Somente nesta segunda-feira (7), o governo Temer anunciou cortes em dois programas: o Bolsa-Família e o Seguro-Defeso. Para os mais pobres não tem dinheiro, mas para gastar 29 milhões no cartão corporativo em quatro meses, tem”, completou Humberto. Os valores gastos com os cartões corporativos entre julho e 4 de novembro ultrapassam o total gasto em todo o primeiro semestre de 2016, período em que Dilma Rousseff ainda era presidente da República.
O senador também criticou o gasto de mais de R$ 600 mil para a realização de um show de samba para convidados vips no Palácio do Planalto. A empresa responsável pela contratação dos artistas foi chamada por dispensa de licitação. Cerca de 600 pessoas devem comparecer ao evento. “É um verdadeiro descalabro, num momento de crise, Temer faz festa com aliados com dinheiro público. Se era para fazer um evento em homenagem ao samba, que abrisse os portões, que fizesse uma festa com o povo”, afirmou o senador.
Humberto ainda lembrou que, ao assumir, Temer ampliou o déficit primário em quase 100%. “Com Dilma, havia um teto de R$ 90 bilhões para o déficit primário. Na gestão do PMDB eles ampliaram para R$ 170 bilhões. Para onde este dinheiro está indo? Para a população, certamente, não é”, questionou.
Segundo o senador, caso aprovada a PEC 55 (PEC da Maldade) no Senado, essas disparidades tendem a se agravar. “O que acontece é que agora com essa PEC, quando Temer quiser fazer festinhas e ampliar o limite do cartão corporativo, ele vai ter que tirar da saúde e da educação, que já vão ser penalizadas pelo congelamento de recursos”, completou.