FARC: Nem a Embaixada Americana acreditou na VEJA

A denúncia da Revista VEJA sobre uma a suposta contribuição de US$ 5 milhões das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC ) à campanha presidencial 2002 de Luiz Inácio Lula da Silva foi recebida com franco ceticismo pela Embaixada Americana no Brasil, como mostra o despacho enviado a Washington, em março de 2005, seis dias após a publicação da reportagem, e recentemente divulgado pelo Wikileaks.

“Desde a primeira revelação da Revista VEJA, a história soa como uma plantação política”, afirma o despacho. As impressões da Embaixada Americana sobre as denúncias coincidem com a análise de jornalistas e blogueiros independentes que, à época da publicação, desmontaram a reportagem de VEJA.

A Embaixada, porém, reconhece que haveria “fumaça e fogo” na reportagem, já que trata como “fato incontestável” o encontro entre representantes das FARC e “membros do PT”, durante um churrasco realizado num sítio, nos arredores de Brasília, em abril de 2002, citado na reportagem como palco do anúncio da suposta doação das FARC.

No documento divulgado pela Wikileaks, a Embaixada Americana cita o “notável desinteresse” da então oposição ao governo Lula pelas denuncias da revista, além da ausência de provas concretas sobre acontecimentos, como um sintoma de que a VEJA estaria “exagerando o verdadeiro nível dos contatos entre o PT e as FARC”.

A reportagem “Tentáculos das FARC no Brasil” — matéria de capa da edição de VEJA de 16 de março de 2005—apoiava-se numa investigação que teria sido conduzida pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN ) a partir do relatório de um informante do órgão que, supostamente, teria estado presente ao citado churrasco e testemunhado o anúncio da “doação” das FARC ao PT. Cerca de “trinta petistas” teriam estado presentes ao encontro, segundo a revista, e teriam “recebido com aplausos” a promessa dos US$ 5 milhões.

“Se a ABIN e o então governo de FHC sabiam de algo tão explosivo como uma ligação entre o PT e as FARC, em pleno processo eleitoral, por que isso não foi vazado imediatamente para prejudicar a campanha de Lula em benefício do candidato da situação?”, questiona o despacho da Embaixada Americana. “Afinal, o governo FHC já teria torpedeado outra postulante à presidência, Roseana Sarney, em abril de 2002, determinando uma batida policial no escritório do marido da candidata”.

Informações do site Wikileaks

Veja o despacho da embaixada norte-americana

Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado

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