Senadora protesta contra decisão de Gilmar mendes, que pediu a cassação do registro do PT“Não há governo golpista, nem muito menos juiz disfarçado de militante partidário -e por que não dizer, de militante tucano – que nos faça desistir dos nossos sonhos, de retomar o projeto de inclusão social iniciado por Lula e Dilma e de avançar rumo a um Brasil mais justo e mais inclusivo”. Quem garante é a senadora Fátima Bezerra (PT-RN). Em pronunciamento ao plenário nesta segunda-feira (8), ela protestou contra a decisão claramente partidária do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes que, nesse final de semana, pediu a cassação de registro do Partido dos Trabalhadores.
Se aprovada, a decisão significaria a proscrição de um partido político. A última vez que isso aconteceu foi logo após a edição do Ato Institucional nº 2, em plena ditadura militar. Outro precedente também vem de uma ditadura: em 1947, o então PCB foi proscrito e seus parlamentares cassados.
“Isso faz parte de toda a campanha de criminalização, de ódio, de perseguição, frente ao Presidente Lula, frente ao Partido dos Trabalhadores, frente a nosso Governo. É inaceitável. É inaceitável que o presidente de uma instituição tão importante como é o TSE se comporte desta maneira, de uma maneira tão seletiva e tão autoritária”, protestou Fátima. A senadora leu a nota da bancada do PT na Câmara, que repudia a “ação seletiva” de Gilmar Mendes. A atitude autoritária do Presidente do TSE só encontra paralelo no regime autoritário encerrado em 1985, diz a nota, que conclui: pedir agora a cassação do registro do PT, o ministro faz jus aos que o chamam de – abre aspas – “tucano de toga” – fecha aspas – do STF. O nosso Judiciário precisa de magistrados, não de militantes políticos.”
Fátima disse que os parlamentares do partido não aceitarão a perseguição e a intolerância. E nem a culpabilização de instituições em vez de responsabilização de pessoas. “Os indivíduos, quando cometem erros, têm mais é que ser investigados. Dê-se a essas pessoas inclusive o direito de defesa. Se for comprovado que é inocente, que seja inocentado; se for comprovado que é culpado, que pague de acordo com os rigores da lei.
Agora, outra coisa é a instituição”, afirmou.
O momento, inclusive, não é muito oportuno para os golpistas. Fátima reforçou que, também neste final de semana, a mídia noticiou que as últimas delações de executivos da Odebrecht atingiram em cheio o ministro biônico das Relações Exteriores – e eterno candidato a candidato à Presidência – José Serra. Ele teria recebido, em 2010, R$ 23 milhões da empreiteira via caixa dois. ´”E não foi só ele”, enfatizou a senadora, destacando que o presidente interino, Michel Temer, teria pedido “apoio financeiro” para o PMDB para a cúpula da Odebrecht. O repasse, em dinheiro vivo, teria chegado a R$ 10 milhões em dinheiro vivo.
“Isso explica a pressa com que Temer e o consórcio golpista querem concluir o processo de impeachment”, explicou a senadora. ”O real motivo, repito, é o medo da Lava Jato, o medo de que novas revelações da Lava Jato exponham cada vez mais a sujeira, a lama, o esgoto em que estão envolvidos, segundo as notícias das delações, o Presidente interino e muitos de seus aliados”, disse.