Alessandro Dantas

Parlamentares petistas apontam omissão criminosa do governo Bolsonaro no escândalo do INSS
Os fatos revelados pela operação Sem Desconto, da Polícia Federal, e as apurações da CPMI do INSS indicam que medidas assinadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro permitiram a criação de entidades fantasmas com o objetivo de efetuar descontos em benefícios de aposentados e pensionistas. Além disso, o governo passado nomeou e promoveu dirigentes no INSS responsáveis pela assinatura de acordos de cooperação técnica com essas entidades.
E mais: o Ministério da Economia, chefiado pelo então superministro Paulo Guedes, sob o qual estava subordinada a área previdenciária, foi informado das fraudes e nada fez. Por essa razão, o deputado Paulo Pimenta (PT-SP) quer convocar o ex-presidente e o ex-ministro.
“O Governo Bolsonaro publicou uma medida provisória que foi regulamentada em setembro, às vésperas da eleição, permitindo empréstimo consignado para BPC [Benefício de Prestação Continuada] e também para as pessoas que recebiam auxílio emergencial. O índice de inadimplência é 88%! Dos grandes bancos, só a Caixa Econômica Federal que embarcou nessa furada e gerou um prejuízo bilionário, que está sob investigação. Quem permitiu foi o Governo Bolsonaro”, disse o deputado petista.
Além de Guedes, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro recebeu denúncias sobre descontos indevidos nas aposentadorias dos beneficiários do INSS também sem tomar providências.
A CPMI ouviu nesta terça-feira (18/11) o empresário João Carlos Camargo Júnior, conhecido por ser o alfaiate de alto padrão que veste figuras famosas, políticas e empresariais. Munido de habeas corpus, o empresário optou por não responder as perguntas. As apurações da Polícia Federal e as informações levantadas pela própria CPMI sugerem que empresas de Camargo atuaram como lavanderia de recursos oriundos de desvios e fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS.
Chama a atenção a volumosa movimentação financeira – R$ 24 milhões – entre a MKT Connection Group de João Camargo e a AMAR Brasil, uma das entidades que mais realizaram descontos associativos indevidos. Não há qualquer indício de que a empresa tenha prestado serviços aos aposentados. Mais do que uma alfaiataria, os negócios de João Camargo parecem ser de lavagem de dinheiro, como alertou o deputado Paulo Pimenta.



