Nos últimos quatro dias, 170 mil pessoas passaram pela 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo (SP), que se encerrou neste domingo (7). De acordo com a estimativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organizador do evento, a feira este ano superou o sucesso de 2015, quando 150 mil visitantes passaram pela primeira edição da atividade.
Antonia Ivoneide Melo Silva, dirigente nacional e integrante do setor de produção do MST, considera que o movimento conseguiu visibilidade mesmo com a pouca divulgação em grandes veículos de imprensa. “Na feira passada, teve muita gente e teve informação da imprensa. Este ano, houve mais gente do que no outro, e a grande imprensa não falou da gente — quando falou, foi para criticar. E o povo mesmo assim está aqui”, comentou.
Segundo ela, além de desconstruir a imagem que a imprensa faz do movimento, a Feira conseguiu comunicar para sociedade que a luta pela reforma agrária está intrinsecamente ligada à produção da alimentação saudável. “O movimento que está aqui é o mesmo que luta pela terra porque as coisas não se separam. Sem a posse da terra, nós não teremos produção saudável. A luta pela terra tem que casar com a luta pela produção e mudança do modelo agrícola”, afirmou a dirigente. Segundo Ivoneide, o evento é a materialização da ideia da reforma agrária popular e também do diálogo das pautas do movimento com a população.
Apoio do público
A artista plástica Caroline Harari, 58 anos, teve o primeiro contato direto com o MST neste domingo (7). Para ela, a feira desmistificou a ideia de que os militantes do movimento são “um bando de arruaceiros que entra nas propriedades quebrando tudo”.
“Muitas vezes eu via, através da imprensa, o MST como uma entidade muito distante. Mas hoje, quando cheguei aqui, eu vi que são pessoas normais, gente simples que está lutando por um pedaço de terra e pelo direito de viver”, disse Caroline.
Caroline contou que, na feira, encontrou “tudo o que o ser humano pode produzir”, desde os produtos in natura aos mais elaborados, como geleias e artesanatos. Produtos inusitados, como a cerveja artesanal “Fora, Temer”, chamaram a atenção do público. Ainda segundo o MST, foram comercializadas 280 toneladas de alimentos.
Mesmo trabalhando há 30 anos com tratamentos de saúde por meio da aplicação de produtos e técnicas naturais, Suzane Barreto não conhecia o trabalho exercido pelo o MST na área. “Os sem-terra eu até gostaria de conhecer mais, se você quiser enviar algo para mim por e-mail, eu tenho interesse porque eu vejo falarem duas coisas, bem e mal… Mas não tenho nenhuma opinião formada”, disse Suzane. Só de castanha, ela levou dois quilos. Além disso, a naturopata comprou baru, sucupira e jenipapo.
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