A senadora manifestou seu respeito pelo ex-presidente, mas lamentou sua tentativa de buscar respaldo jurídico para um golpe contra a vontade das urnas, movimento que considera um acinte à democracia. “Não é possível dizer que essa é uma matéria técnica. O direito não é uma ciência exata. Portanto, o parecer serve para respaldar teses. Se querem criar um caminho para discutir o impeachment da presidenta, tenham a coragem de discutir isso abertamente e não através de subterfúgios de pareceres tidos como técnicos e não políticos”, criticou Gleisi.
“FHC suja sua biografia ao falar em impeachment de Dilma”, afirma Gleisi. Para ela, a movimentação do ex-presidente desvenda a incapacidade dos neoliberais de aceitar o resultado do processo eleitoral, no qual o tucano Aécio Neves saiu derrotado até mesmo em seu estado de origem, Minas Gerais.
Gleisi também lamentou que a oposição distorça aos fatos ao tratar como “estelionato eleitoral” as escolhas da presidenta Dilma na composição da nova equipe econômica do governo. Ela lembra que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, é o mesmo de 2011; que o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, foi secretário executivo do Ministério da Fazenda em quase todo o primeiro mandato de Dilma e o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esteve na equipe econômica do primeiro mandato do ex-presidente Lula. “Qual é o estelionato eleitoral que se pratica aqui?”, indagou.
Medidas
Sobre as medidas do ajuste fiscal proposto pela nova equipe econômica, criticadas diariamente como um mantra pela imprensa, pela oposição e por setores da base e até do PT, a senadora Gleisi Hoffmann vê um equívoco. “A versão está prevalecendo aos fatos. Parece que estamos acabando com os direitos trabalhistas. Isso é mentira.”, afirmou.
A senadora rechaça a ideia de que as medidas iriam acarretar perda de direitos e que seriam neoliberais. Tais iniciativas vão corrigir distorções, por exemplo, no pagamento de pensão, no abono salarial e no seguro desemprego – e o governo aceita negociar.
Gleisi lembrou o que muitos tucanos esquecem, propositalmente, o fato que o ex-presidente Lula também teve de adotar medidas fiscais, justamente para salvar a herança maldita dos tucanos que colocavam em risco o Plano Real.
Marcello Antunes