Fim do silêncio de doze anos: mídia noticia avanços do governo Lula

Pela culatra: "Deslizes" de discurso de Lula para empresários revelou o que vinha sendo escondido dos leitores Foto: Heinrich AikawaNão é segredo para ninguém e até as pedras sabem: desde 2003, primeiro ano do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, setores do oligopólio de mídia vem se esforçando em esconder os resultados positivos da gestão do PT na Presidência da República, ao mesmo tempo em que desqualificam suas iniciativas ainda no nascedouro e dão tamanho desproporcional aos problemas e dificuldades que surgiram no caminho.

Fim do silêncio de doze anos: mídia noticia avanços do governo Lula

Um exemplo que surgiu logo nas primeiras semanas foi o rótulo do “mais do mesmo”, quando o PT adotou uma política severa de controle da inflação – numa tentativa desavergonhada de dizer que o PT seguia os mesmos passos do PSDB. O tempo mostrou a diferença: com Lula, o Brasil deixou de ficar de joelhos para o FMI (Fundo Monetário Internacional), recuperou o valor do real e multiplicou mais do que dez vezes as reservas internacionais do País – para citar apenas três dos progressos alcançados que, durante décadas, pareciam inatingíveis.

Outro exemplo clássico foi a cortina de silêncio que o mesmo oligopólio usou para cobrir os avanços sociais obtidos com o Bolsa Família. Foi preciso que a imprensa internacional começasse a publicar reportagens reconhecendo o alcance social do programa, para que – com absoluta má vontade – os mesmos representantes da grande mídia começassem a falar dos avanços no combate à miséria secular que envergonhava o Brasil.

Ocultar a realidade, porém, exige atenção redobrada. Ao menor cochilo, corre-se o risco de revelar o que vinha sendo ocultado da população, e foi o que acabou acontecendo com uma reportagem do O Globo do último sábado (28), que tinha como intenção apontar  “deslizes” de um discurso de improviso do ex-presidente para dirigentes das Câmaras de Comércio dos países europeus (Eurocâmaras).

O jornal errou a mão. Na pressa em apontar os erros, inadvertidamente, acabou publicando – pela primeira vez em doze anos – um formidável consolidado do quanto o País cresceu, em todos os sentidos.

Lula confundiu-se, sim, conforme admitiu posteriormente. Mas dos  “deslizes” que ocuparam mais de meia página, havia incorreções em apenas dois. Os 13 restantes estavam absolutamente certos.

O mais curioso é que a procura pelo aspecto negativo, ao final, terminou por revelar o que vinha sendo escondido. O tiro saiu pela culatra, levando aos leitores de O Globo uma reunião inédita de dados francamente positivos de doze anos de Governo Democrático Popular.

O leitor de O Globo tomou conhecimento que:

1) o salário mínimo teve aumento real de 72% nesse período;

2) o investimento público em educação passou de 4,8% para 6,4% do PIB;

3) o Prouni levou mais de 1,5 milhão de jovens à universidade;

4) a quantidade de brasileiros viajando de avião passou de 37 milhões por ano, para 113 milhões por ano;

5) a produção de automóveis no país dobrou para 3,7 milhões/ano;

6) o fluxo de comércio externo passou de US$ 107 bilhões para US$ 482 bilhões por ano;

7) o PIB per capita saltou de US$ 2,8 mil para US$ 11,7 mil;

8) a população com conta bancária passou de 70 milhões para 125 milhões;

9) as reservas internacionais do país, de US$ 380 bilhões, correspondem a 18 meses de importações, o que fortalece o Brasil num mundo em crise;

10) ao longo da crise mundial o Brasil fez superávit fiscal de 2,58% ao ano, média que nenhum país do G-20 alcançou;

11) os financiamentos do BNDES para a empresas têm inadimplência zero;

12) a dívida pública bruta do país, ao longo da crise, está estabilizada em torno de 57% (embora o jornal discorde desse fato)

13) há 10 anos consecutivos, a inflação está dentro das metas estabelecidas pelo governo

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A reportagem “Lula usa dados errados em palestra para empresários”, porém enalteceu os dois “deslizes” ditos em uma palestra que durou 90 minutos:

1) Lula disse que 94% dos acordos sindicais realizados nos últimos anos foram obtidos reajustes acima da inflação. Foram 84%. Mas, somando-se os acordos que incorporam o resultado da inflação, o índice sobe para 93,2%.

A título de comparação, que a reportagem naturalmente omitiu, no governo anterior, os sindicatos abriam mão de vantagens, e até do reajuste da inflação, para evitar mais demissões.

2) O Brasil é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, depois da União Europeia e EUA, de acordo com a OMC, e não o segundo, como disse Lula na palestra. O Globo lista separadamente os países da União Europeia por porto, o que faz da pequena Holanda o segundo maior exportador de alimentos do mundo. Ainda vamos chegar lá, porque nossa agricultura é a mais produtiva do mundo e o crédito agrícola passou de R$ 26 bilhões para R$ 156 bilhões em 12 anos.

Também a título de esclarecimento, vale informar que:

A reportagem do jornal carioca também cometeu “deslizes”, mesmo tendo sido alertada com documentos oficiais apresentados pela assessoria do Instituto Lula:

1) O Brasil foi, sim, o 5º maior destino de investimento externo direto (IED) no mundo em 2013, conforme disse Lula. O dado correto consta do Relatório de Investimento Mundial 2014 da UNCTAD, divulgado em junho. Este relatório corrigiu a previsão anterior do IED no Brasil em 2013, que era de US$ 63 bilhões, quando na realidade foi superior a US$ 64 bilhões. O Globo reproduziu o dado errado, que deixava o Brasil na sétima posição.

2) O ajuste fiscal determinado pelo governo nos anos de 2003 e 2004 alcançou, sim, 4,2% do PIB, conforme Lula afirmou na palestra. Na verdade, foi de 4,3% em 2003 e 4,6% em 2004, de acordo com a metodologia adotada pelo Banco Central naquele período. O jornal adotou a metodologia atual, que exclui do cálculo o resultado das estatais, e acabou contestando uma verdade histórica.

3) O Brasil é, sim, a segunda maior economia entre os países emergentes, depois da China, como disse Lula. O PIB brasileiro em dólares correntes, de acordo com a Base de Dados Mundiais do FMI (junho 2014), é de US$ 2,242 trilhões, superior ao da Rússia (US$ 2,118 trilhões) e ao da Índia (1,870 trilhão). O jornal prefere usar o critério de paridade por poder de compra (PPP), que ajusta os preços internos de cada país, eleva o PIB da Rússia e triplica o da Índia. Mas uma plateia de investidores, como a da Eurocâmaras, não está interessada em comparar o custo da Coca-Cola em cada país: quer saber qual economia é mais forte em moeda internacional, e isso o PPP não informa.

4) A dívida pública bruta do Brasil está, sim, estabilizada em torno de 57% do PIB desde 2006, como afirmou Lula. O Globo tomou como base o indicador de 2010 para afirmar, equivocadamente, que “no governo Dilma a dívida bruta subiu”. O ex-presidente estava se referindo ao período da crise financeira mundial. A dívida bruta era de 56% do PIB em 2006, subiu para 63% em 2009, primeiro ano da crise, e desde então oscila em torno dos atuais 57,2%. Isso é melhor visualizado no gráfico acima.

Com informações do Instituto Lula

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