Um exemplo que surgiu logo nas primeiras semanas foi o rótulo do “mais do mesmo”, quando o PT adotou uma política severa de controle da inflação – numa tentativa desavergonhada de dizer que o PT seguia os mesmos passos do PSDB. O tempo mostrou a diferença: com Lula, o Brasil deixou de ficar de joelhos para o FMI (Fundo Monetário Internacional), recuperou o valor do real e multiplicou mais do que dez vezes as reservas internacionais do País – para citar apenas três dos progressos alcançados que, durante décadas, pareciam inatingíveis.
Outro exemplo clássico foi a cortina de silêncio que o mesmo oligopólio usou para cobrir os avanços sociais obtidos com o Bolsa Família. Foi preciso que a imprensa internacional começasse a publicar reportagens reconhecendo o alcance social do programa, para que – com absoluta má vontade – os mesmos representantes da grande mídia começassem a falar dos avanços no combate à miséria secular que envergonhava o Brasil.
Ocultar a realidade, porém, exige atenção redobrada. Ao menor cochilo, corre-se o risco de revelar o que vinha sendo ocultado da população, e foi o que acabou acontecendo com uma reportagem do O Globo do último sábado (28), que tinha como intenção apontar “deslizes” de um discurso de improviso do ex-presidente para dirigentes das Câmaras de Comércio dos países europeus (Eurocâmaras).
O jornal errou a mão. Na pressa em apontar os erros, inadvertidamente, acabou publicando – pela primeira vez em doze anos – um formidável consolidado do quanto o País cresceu, em todos os sentidos.
Lula confundiu-se, sim, conforme admitiu posteriormente. Mas dos “deslizes” que ocuparam mais de meia página, havia incorreções em apenas dois. Os 13 restantes estavam absolutamente certos.
O mais curioso é que a procura pelo aspecto negativo, ao final, terminou por revelar o que vinha sendo escondido. O tiro saiu pela culatra, levando aos leitores de O Globo uma reunião inédita de dados francamente positivos de doze anos de Governo Democrático Popular.
O leitor de O Globo tomou conhecimento que:
1) o salário mínimo teve aumento real de 72% nesse período;
2) o investimento público em educação passou de 4,8% para 6,4% do PIB;
3) o Prouni levou mais de 1,5 milhão de jovens à universidade;
4) a quantidade de brasileiros viajando de avião passou de 37 milhões por ano, para 113 milhões por ano;
5) a produção de automóveis no país dobrou para 3,7 milhões/ano;
6) o fluxo de comércio externo passou de US$ 107 bilhões para US$ 482 bilhões por ano;
7) o PIB per capita saltou de US$ 2,8 mil para US$ 11,7 mil;
8) a população com conta bancária passou de 70 milhões para 125 milhões;
9) as reservas internacionais do país, de US$ 380 bilhões, correspondem a 18 meses de importações, o que fortalece o Brasil num mundo em crise;
10) ao longo da crise mundial o Brasil fez superávit fiscal de 2,58% ao ano, média que nenhum país do G-20 alcançou;
11) os financiamentos do BNDES para a empresas têm inadimplência zero;
12) a dívida pública bruta do país, ao longo da crise, está estabilizada em torno de 57% (embora o jornal discorde desse fato)
13) há 10 anos consecutivos, a inflação está dentro das metas estabelecidas pelo governo
A reportagem “Lula usa dados errados em palestra para empresários”, porém enalteceu os dois “deslizes” ditos em uma palestra que durou 90 minutos:
1) Lula disse que 94% dos acordos sindicais realizados nos últimos anos foram obtidos reajustes acima da inflação. Foram 84%. Mas, somando-se os acordos que incorporam o resultado da inflação, o índice sobe para 93,2%.
A título de comparação, que a reportagem naturalmente omitiu, no governo anterior, os sindicatos abriam mão de vantagens, e até do reajuste da inflação, para evitar mais demissões.
2) O Brasil é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, depois da União Europeia e EUA, de acordo com a OMC, e não o segundo, como disse Lula na palestra. O Globo lista separadamente os países da União Europeia por porto, o que faz da pequena Holanda o segundo maior exportador de alimentos do mundo. Ainda vamos chegar lá, porque nossa agricultura é a mais produtiva do mundo e o crédito agrícola passou de R$ 26 bilhões para R$ 156 bilhões em 12 anos.
Também a título de esclarecimento, vale informar que:
A reportagem do jornal carioca também cometeu “deslizes”, mesmo tendo sido alertada com documentos oficiais apresentados pela assessoria do Instituto Lula:
1) O Brasil foi, sim, o 5º maior destino de investimento externo direto (IED) no mundo em 2013, conforme disse Lula. O dado correto consta do Relatório de Investimento Mundial 2014 da UNCTAD, divulgado em junho. Este relatório corrigiu a previsão anterior do IED no Brasil em 2013, que era de US$ 63 bilhões, quando na realidade foi superior a US$ 64 bilhões. O Globo reproduziu o dado errado, que deixava o Brasil na sétima posição.
2) O ajuste fiscal determinado pelo governo nos anos de 2003 e 2004 alcançou, sim, 4,2% do PIB, conforme Lula afirmou na palestra. Na verdade, foi de 4,3% em 2003 e 4,6% em 2004, de acordo com a metodologia adotada pelo Banco Central naquele período. O jornal adotou a metodologia atual, que exclui do cálculo o resultado das estatais, e acabou contestando uma verdade histórica.
3) O Brasil é, sim, a segunda maior economia entre os países emergentes, depois da China, como disse Lula. O PIB brasileiro em dólares correntes, de acordo com a Base de Dados Mundiais do FMI (junho 2014), é de US$ 2,242 trilhões, superior ao da Rússia (US$ 2,118 trilhões) e ao da Índia (1,870 trilhão). O jornal prefere usar o critério de paridade por poder de compra (PPP), que ajusta os preços internos de cada país, eleva o PIB da Rússia e triplica o da Índia. Mas uma plateia de investidores, como a da Eurocâmaras, não está interessada em comparar o custo da Coca-Cola em cada país: quer saber qual economia é mais forte em moeda internacional, e isso o PPP não informa.
4) A dívida pública bruta do Brasil está, sim, estabilizada em torno de 57% do PIB desde 2006, como afirmou Lula. O Globo tomou como base o indicador de 2010 para afirmar, equivocadamente, que “no governo Dilma a dívida bruta subiu”. O ex-presidente estava se referindo ao período da crise financeira mundial. A dívida bruta era de 56% do PIB em 2006, subiu para 63% em 2009, primeiro ano da crise, e desde então oscila em torno dos atuais 57,2%. Isso é melhor visualizado no gráfico acima.
Com informações do Instituto Lula